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Bairrada // Mealhada  

Batalha do Bussaco foi passada a papel químico

As portas de Sula serviram no domingo de cenário à reprodução história da Batalha do Bussaco por cerca de 150 recriadores de várias associações napoleónicas da Europa. Um recuo de 200 anos no tempo, que possibilitou ao público presente assistir, ao vivo e a cores, no preciso local onde tudo aconteceu e com o maior rigor possível, ao segundo maior ataque das forças napoleónicas. “É uma espécie de papel químico do que sucedeu há 200 anos atrás”, resumiu Faria e Silva, presidente da Associação Napoleónica Portuguesa.

Dia 27 de Setembro de 1810. De um lado as tropas espanholas e francesas, lideradas por Massena, a subirem a encosta da Serra do Bussaco. Do outro, as forças portuguesas e inglesas, sob o comando do general Arthur Wellesley, a defenderem o território e a impedirem a passagem do inimigo a todo o custo. Era o segundo maior ataque das forças napoleónicas e ocorreu precisamente nas portas de Sula, onde ontem, pelas 11h, tudo se repetiu. A única diferença é que os combatentes não eram mais de 110 mil no seu total, mas sim 150 recriadores de associações napoleónicas de vários países europeus, nomeadamente de Portugal, Espanha, França e Inglaterra. O som foi de espingardas e canhões, o fumo era mais que muito e o cheiro a pólvora imprimia ainda mais realidade à acção.

“”Uma imagem vale por mil palavras. Ao recriarmos esta batalha estamos a voltar 200 anos atrás, para que toda a gente possa realmente perceber o que se passou na altura. É a melhor aula de história que podemos dar”, afirmou Faria e Silva, presidente da Associação Napoleónica Portuguesa que, a par com a Câmara Municipal da Mealhada, promoveu a recriação. “O barulho dos canhões, das espingardas, o cheiro da pólvora, nenhuma aula de história consegue reproduzir isto”, acrescentou, satisfeito com milhares de pessoas que estavam a assistir. “Está muito público”, referiu.

O cenário foi exclusivamente preparado para o efeito e os recriadores também tiveram de fazer o seu trabalho de casa. “São cerca de 150 recriadores. Não são figurantes. São recriadores. A diferença é que os recriadores estudam a história, a maneira de estar dos soldados, as fardas, as estratégias militares, de forma a reproduzirem o mais fielmente possível o que se passou”, explicou Faria e Silva, concluindo: “O que vimos hoje é o mais próximo possível da realidade. É uma espécie de papel químico do que sucedeu há 200 anos atrás”.

Uma opinião partilhada pelo presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Carlos Cabral. “Estamos a fazer chegar a história ao vivo a toda esta multidão. Esta é a melhor lição de história que já foi dada”, afirmou o autarca, visivelmente satisfeito e orgulhoso com a recriação da Batalha do Bussaco. “Esta recriação tem, sem dúvida, uma vertente cultural. Pretendemos que todos os que aqui estão fiquem com uma perspectiva de como se desenvolveu a batalha que tão importante foi para as nossas gentes”, prosseguiu Carlos Cabral, concluindo: “Estamos a procurar fazer iniciativas com o mérito que esta comemoração dos 200 anos da Batalha do Bussaco merece. Foi um acontecimento importante para todo o país e nomeadamente para o concelho da Mealhada”.

Escaramuça foi o aperitivo para a recriação
A escaramuça que foi recriada no sábado, dia 26 de Setembro, na avenida Emídio Navarro, no Luso, foi o aperitivo para esta recriação. Várias centenas de pessoas assistiram ao vivo a uma pequena demonstração da batalha pelos cerca de 150 recriadores. Tiros de canhão, disparos de espingarda, muito fumo e o inconfundível cheiro a pólvora seca abriram o apetite do público presente para o grande dia da recriação histórica da Batalha do Bussaco. Antes, as associações desfilaram pela avenida, ao som dos aplausos do público presente.

As comemorações prosseguiram nessa noite de sábado, com o concerto da Orquestra Ligeira do Exército na Alameda do Casino, que pareceu ser um espaço pequeno para a multidão presente. A orquestra animou os espectadores durante mais de uma hora e meia, em que tocou diversos temas dos mais variados músicos e grupos nacionais e internacionais. Desde Carlos do Carmo a Sarah Vaughan, passando por Amy Winehouse e Morcheeba, a animação tomou conta da noite e a Orquestra Ligeira do Exército ouviu o público presente bater as palmas efusivamente.