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Aveiro // Região  

Movimento cívico quer debate público sobre construção de quatro parques

O movimento cívico Amigos d’Avenida solicitou, ontem, à Câmara de Aveiro (PSD/CDS-PP) a realização de um debate público sobre a intenção da autarquia de criar quatro novos parques de estacionamento subterrâneos e concessionar o estacionamento na cidade por sessenta anos.

Numa interpelação cívica sobre esta matéria, dada hoje a conhecer, os Amigos d’Avenida defendem que esta proposta, que segundo a autarquia deverá representar um investimento de 50 milhões de euros e não implicará quaisquer custos para o município, tem “profundas implicações no futuro da cidade”.

Na opinião deste grupo de cidadãos, ao propor a criação de quatro parques de estacionamento subterrâneos a autarquia “induz a utilização do transporte individual na deslocação para o centro”.

Em declarações à Lusa o porta-voz do movimento, José Carlos Mota disse que esta situação “contraria as orientações de promoção da mobilidade sustentável que o executivo liderado por Élio Maia diz defender”.

“Não se percebe que haja um discurso, por um lado, e uma prática que o contraria, por outro”, referiu o mesmo responsável, acrescentando que “todas as indicações dos instrumentos de planeamento da autarquia vão no sentido da promoção da mobilidade dos modos suaves e do transporte coletivo”.

Este investigador e docente da Universidade de Aveiro que tem sido o rosto dos Amigos D’Avenida afirmou ainda ter dúvidas sobre a necessidade destes investimentos, tendo em conta as “baixas taxas de ocupação” nos vários parques de estacionamento da cidade e a existência de “receios sobre as implicações da perda de receitas do estacionamento no funcionamento da MoveAveiro e do sistema de transportes coletivos”.

O movimento cívico receia ainda que, “ao concessionar a operação por um prazo tão alargado, sem que se conheça qual o planeamento detalhado das intervenções e os seus fundamentos, se esteja a tomar uma decisão precipitada que comprometa o futuro da cidade e das futuras gerações”.

Além de solicitar à Câmara o lançamento de um debate público sobre esta matéria, o movimento apela à disponibilização prévia aos cidadãos de informação quanto à capacidade e taxa de ocupação dos parques de estacionamento já existentes e qual o montante anual de receitas com estacionamento.

O movimento quer saber também a localização e capacidade dos parques de estacionamento a propor, como se articulam estes parques com as orientações de mobilidade sustentável que a autarquia tem vindo a defender e como será financiada a mobilidade coletiva com a perda de receitas do estacionamento.

Recentemente, a Câmara de Aveiro aprovou, por maioria, a abertura de concurso público para quatro novos parques de estacionamento subterrâneos e exploração de um existente, bem como do estacionamento pago na via pública.

O prazo da concessão será por 60 anos e o vencedor do concurso ficará obrigado a requalificar as zonas onde os parques irão ficar inseridos.