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Bairrada // Oliveira do Bairro  

Comissão de utentes entra em luta contra falta de médicos

A falta de substituição de médicos de família que passaram à reforma está a provocar longas listas de espera nas unidades de saúde de Oliveira do Bairro, segundo a Comissão de Utentes, que realizou uma reunião, na última sexta-feira, na Junta de Freguesia de Oiã. O encontro foi convocado perante a ausência de resposta a um pedido de audiência à Administração Regional de Saúde, feito pela Comissão de Utentes. Entretanto, já foi posto a circular um abaixo-assinado com o objetivo de recolher o máximo de assinaturas, para que seja enviado aos organismos responsáveis.
Fernando Picanço, porta-voz da dita Comissão, começou por fazer um historial do surgimento da Comissão, afirmando que esta foi constituída em janeiro de 2014 e alargada a âmbito concelhio. “Surgiu impulsionada pelos múltiplos problemas ocorridos nos serviços públicos deste concelho, essencialmente na área da saúde”.

Reforma. Fernando Picanço referiu que a passagem à reforma de dois médicos é um dos problemas graves, já que “na Extensão de Saúde de Oiã, o médico José Rui foi substituído, mas no Troviscal, a médica Regina não foi substituída, causando sérias carências nas Unidades de Saúde do Troviscal e da Mamarrosa”.
Afirma ainda que “o mais grave ainda está para chegar, pois dentro de pouco mais de dois meses está prevista a passagem à reforma de mais três ou quatro médicos, o que faz prever que não seja assegurada a normalidade dos serviços”.
Fernando Picanço deu conta ainda que algumas “pessoas começam a fazer filas a partir das 5h para conseguir uma consulta e quase é preciso mendigar para ser atendido por um médico. Temos pessoas que se deslocam para fazer tratamentos e têm de comprar e levar os pensos, medicamentos e pomadas e são situações que se têm vindo a agravar”.

Preocupações. Nesta reunião, foi ainda manifestada a preocupação relativamente ao Hospital Distrital de Aveiro que, ao ser desclassificado, corre o risco de fechar muitas das principais valências, na sequência de uma Portaria recentemente publicada. “O Ministro da Saúde, em reunião de 6 de junho, sob pressão das Comissões de Utentes, dos Sindicatos e respetiva Ordem dos Médicos, aceitou a suspensão da Portaria 82/2014 e a sua reformulação, mas a suspensão não implica a revogação pretendida, pois o ministro insiste na reformulação da tão contestada Portaria”, esclarece este responsável.

Abaixo-assinado. Durante a noite, foi ainda posto a circular um abaixo-assinado dirigido às entidades competentes, que recolheu a quase totalidade de assinaturas dos presentes e irá prosseguir nas próximas semanas, pois só assim “se poderá travar a escalada de atrofia e desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, sentido pelos utentes deste concelho”. “Outras formas de luta estão equacionadas, se os problemas não forem devidamente resolvidos”, acrescentou este responsável.
No abaixo-assinado, é pedida “a substituição atempada e reforço dos profissionais de saúde, sobretudo os médicos das unidades deste concelho, que se reformaram, nos últimos meses, bem como daqueles que se irão reformar em breve”, assim como “lutar contra a carência de equipamentos, material clínico e de enfermagem, medicamentos e outros consumíveis”.
A Comissão de Utentes pretende ainda “opor-se ao encerramento (ou mau funcionamento) de unidades de saúde locais e regionais, inclusive de serviços hospitalares e respetivas urgências, que mal servem os utentes, sobretudo, relativamente ao tempo de espera”, como também “combater veementente a perspetiva economicista aplicada ao SNS, acabando por esquecer os utentes a quem se destina, o que até é reconhecido no relatório do Tribunal de Contas cujo aponta também múltiplas falhas de funcionamento”.