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Sangalhos: Vinhos e gastronomia à prova durante três dias

O Ministro do Ambiente, João Pedro Fernandes, presidiu, na tarde da última sexta-feira, à cerimónia de abertura da 4.ª edição do Encontro com o Vinho e Sabores Bairrada que decorreu até ao dia 2 de outubro, no Centro de Alto Rendimento (Velódromo Nacional), em Sangalhos.
Em dia de inauguração de um dos eventos mais aguardados na região, Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada, destacou que este é um evento que se vem afirmando como “de referência na região para a promoção dos produtos endógenos.” Três dias para mostrar o que de melhor se produz na região e que ajuda a afirmar a identidade, o valor e credibilidade da marca coletiva Bairrada.
“Vive-se, hoje, na Bairrada o que se pode chamar de “boa onda”, cabe a todos trabalhar para que essa boa onda não se desfaça”, disse, avançando, contudo que as dificuldades não desapareceram, subsistem em várias vertentes. Num claro apelo à união, salientou que o caminho tem de ser trilhado pela via da certificação e que esta “seja um desígnio para todos os produtores”.
E sendo, hoje, a marca Bairrada um ativo valorizado quer a nível nacional, quer internacional, lembrou ao presidente do IVV, ali presente, que para os produtores de regiões de menor dimensão, como é o caso da Bairrada e que são o suporte financeiro das CVR´s, é necessário que se equacione formas de financiamento que possibilitem a diminuição das assimetrias entre cada uma das regiões demarcadas.
Já ao ministro do Ambiente relembrou a importância do setor vitivinícola para questões tão importantes como a sustentabilidade dos territórios.
Na ocasião, apelou ainda à diminuição da taxa do IVA nos espumantes, quando esses sejam produzidos com base na matéria-prima endógena. “Seria este um incentivo determinante para a valorização dos produtos endógenos da região.”
Pedro Soares destacou ainda o trabalho da CCDR Centro que decidiu apoiar a fileira do vinho, envolvendo num projeto comum as cinco regiões vitivinícolas. “Este projeto será para nós determinante para a reformulação do rebranding da marca Bairrada como um todo”, sem esquecer que a região deve retomar o quanto antes as atividades de experimentação e investigação neste domínio temático, estabelecendo as parcerias necessárias para que os ganhos se tornem efetivos.

Promoção de produtos endógenos. Adriana Rodrigues, do Turismo Centro Portugal, salientou as duas razões que levaram o Turismo do Centro a associar-se a esta organização: “por pretender assinalar e promover, de forma significativa, os produtos endógenos desta região, desde os gastronómicos aos vinhos e espumantes e pelo esforço de valorização da atividade dos produtos e dos produtores.” Sobre este evento diria ser: “um evento com características inigualáveis, dificilmente comparáveis com um caráter identitário muito específico e próprio.” Uma mostra voltada para a promoção e comercialização que dá a conhecer a diversidade e a qualidade dos vinhos da região.
“Este evento espelha e personaliza o esforço e o trabalho que se tem desenvolvido na fileira do enoturismo que a Bairrada tem sabido desenvolver”, concluiria.

O legado e a importância da casta Baga. Durante a sua intervenção, a autarca anadiense Teresa Cardoso defendeu tratar-se de um encontro fundamental para a imagem e para a difusão do trabalho realizado pelas empresas e entidades participantes, que assim demonstram a sua dimensão, excelência, capacidade de inovação e pioneirismo.
“Ao longo destes três dias, vamos poder conhecer o que a Bairrada idealiza, projeta e produz, honrando o legado das gerações que nos antecederam, seja pelo perpetuar do seu património, ou seja pela sua reinvenção”, diria.
Na ocasião destacou ainda a importância da casta Baga e da projeção, alcançada agora através do grupo “Baga Friends”.
“A Baga teve um conjunto restrito de adeptos, até que surgiu, pela mão da Comissão Vitivinícola da Bairrada, o “Plano de Ação para a Viticultura Bairradina”, e, com ele, o projeto “Baga Bairrada” e o lema “Uma Região. Uma Casta. Um Espumante”, destacou.
Relativamente ao espumante, um dos vinhos em que a Bairrada é excelente e domina a produção nacional, lamentou que continue a ter dificuldade em se ver reconhecido lá fora. “Um combate que urge travar e que pode tirar partido do desbravar de terreno já feito pelos restantes vinhos”, adiantou a autarca, sublinhando uma vontade já expressa anteriormente por Pedro Soares: “ver criado na centenária Estação Vitivinícola da Bairrada, um Centro de Investigação de Espumantes, fundamental para apoiar a produção destes vinhos.”

Ministro destaca diversidade da Bairrada. João Pedro Fernandes, ministro Ambiente, bairradino de corpo e alma (nasceu em Águeda), diz ter aprendido o que era o ondulado da paisagem muito miúdo ainda. Por isso, afirmou que a Bairrada é um território completamente diferente do da sua infância e juventude quando vinha estudar, de bicicleta para o Liceu de Oliveira do Bairro, numa altura em que a sua mãe era Conservadora Civil, naquele município.
“Ao dar um passeio nesta feira parece-me evidente que o que hoje diferencia a Bairrada é a qualidade e a forma como sabe trabalhar os seus produtos”.
O governante salientou ainda a forma como os vinhos e espumantes se cruzam com a gastronomia, com a hotelaria, numa tentativa de mostrar uma Bairrada que vai muito para além do leitão e do espumante.
Paralelamente, João Pedro Fernandes salientou a importância da diversidade, que é também uma vantagem enorme mas também uma preocupação ambiental se não for bem cuidada.
Catarina Cerca
catarina.i.cerca@jb.pt