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Opinião

Fazer crianças felizes começa na sala de aula (Edição 23/03/2017)

Por Oriana Pataco, Diretora do JB

E se as escolas do 1.º ciclo da Bairrada começassem a contemplar disciplinas como Enologia, Cerâmica ou Estudo do Meio ensinado em inglês, em regime bilingue? Não se surpreenda, isso já acontece em algumas escolas do país, que encaixam, nas ofertas complementares, disciplinas tão variadas como Filosofia, Programação e Robótica, Ioga ou até Mandarim. O objetivo é comum: ensinar os alunos a pensar, a desenvolver o espírito crítico e a capacidade de reflexão, motivá-los para a aprendizagem e reforçar-lhes os níveis de confiança e de autoestima. Ou seja, promover o sucesso escolar.

Ora, se o governo pretende aumentar a flexibilidade curricular e diversificar as metodologias em sala de aula e muitas escolas do país já estão a fazê-lo desde os primeiros anos de estudo, por que não alargar a ideia, ir ainda mais longe e permitir uma verdadeira escola democrática e uma educação inclusiva, da primeira à última hora que os alunos passam na escola?

Há neste momento um grupo de pais no concelho de Oliveira do Bairro a encabeçar um projeto educativo que se pretende idêntico ao da Escola da Ponte (Santo Tirso, distrito do Porto). Só após o 25 de Abril esta escola conseguiu impor o seu projeto. Faz parte integrante do chamado Movimento da Escola Moderna (alicerçado nas ideias pedagógicas do francês Célestin Freinet) e era, há 15 anos, considerado o único exemplo em Portugal, de uma “escola democrática, para todos, em que se dá protagonismo ao aluno”. Solidariedade, autonomia e responsabilidade são os princípios que a regem. Este projeto é reconhecido mundialmente, e, desde 1977, o seu lema é “fazer crianças felizes”, rompendo com padrões adotados pelas instituições de ensino em Portugal e na maioria dos países do mundo. Como? Por exemplo, a escola não tem paredes internas, ou seja, não separa os alunos de acordo com a sua idade ou ano de ensino. Não há salas de aula, mas sim espaços de trabalho, onde são disponibilizados diversos recursos, como livros, dicionários, gramáticas, internet… ou seja, várias fontes de conhecimento. Os alunos agrupam-se de acordo com a área de interesse a ser pesquisada, independente da faixa etária. Nenhum aluno tem um professor só, nem um professor é só de alguns alunos.

Os pais também são chamados a participar na vida da escola, são vistos como parceiros e corresponsáveis pelo projeto educativo do aluno.

Será esta uma escola ideal? O grupo de pais que quer este modelo para o concelho de Oliveira do Bairro acredita que sim. Aproveitando a descentralização de competências e a autonomia das escolas, por que não experimentar este novo projeto numa escola-piloto do 1.º ciclo de Oliveira do Bairro e, caso resulte, alargá-la a todo o Agrupamento?

A questão foi debatida no último Conversas ao Café, organizado pelo JB e pela Câmara Municipal de Oliveira do Bairro e que tinha como tema “Educar no séc. XXI”. Se o lema é fazer crianças felizes, contem com o meu apoio.

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