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Quase aparenta haver uma economia, dir-se-ia paralela, que se alimenta destes casos, tal a cadência com que nos são relatados na comunicação social. Mas atenção, não estou com isto a desdenhar o papel dos média, até porque defendo a frase de Thomas Jefferson, Presidente dos EUA [1743-1826]; “Se fosse deixado a mim decidir se deveriam ter um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir este último”.
Para todos os portugueses trabalhadores, estes são factos preocupantes merecedores de castigo exemplar, mas a que os Tribunais não conseguem sequer dar respostas, talvez até porque, eles próprios, são um complexo mar de burocracias e expedientes dilatórios da aplicação da própria justiça. Será casual, ou parte da própria corrupção?
Vem-me à mente, um texto em que voltei a tropeçar, do pensador e escritor português Eduardo Prado Coelho [1944-2007] e publicado nas vésperas da sua morte no jornal Público. Nesse artigo, EPC, desgostoso com os seus concidadãos, descreve assim a razão de ser da corrupção: “Como ‘matéria prima’ de um país, temos muitas coisas boas,
mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa. Esses defeitos, essa ‘CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA’ congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS . Nascidos aqui, não noutra parte… “
Os nossos governantes, são como ele diz, nossos e lá colocados por nós. Não vivemos numa ditadura como outrora, se bem que por vezes, alguns de nós (que não os nossos filhos) merecêssemos tal vilipendia. Por isso cabe-nos a nós mudar tal estado de coisas. Como pragmaticamente Eduardo Prado Coelho postulou “Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO”
Texto de completo EPC em http://www.gasmed.org/LinkClick.aspx?fileticket=9lcTf1P_lWs%3D&tabid=84&language=en-US
Cupertino de Arrochela Lobo dos Santos disse:
É doloroso ler esse comentário, em especial pelo fato de que, aqui no Brasil, é senso comum afirmar-se que a corrupção “tupiniquim” é uma herança portuguesa, assim como a escravidão, a evasão de riquezas e outras tantas…
Com o tempo essa “consciência” foi se tornando condescendência e a corrupção tida como imbatível, apesar dos quase dois séculos de autonomia em relação a Portugal, pelo menos.
Temos a ‘CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA’ de além-mar: “O jeitinho Brasileiro”.