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Anadia

Fundador – Sociedade Importadora deixa empregados sem salários

São 17, os funcionários da Fundador – Sociedade Importadora de Sangalhos Lda, com dois meses de salários em atraso.
A empresa, uma das mais antigas do sector das duas rodas da região, encerrou no passado dia 31 de Março. Por receber ficaram também “todos os direitos legais”, dizem os funcionários que se encontram em vigília junto à empresa, desde o passado dia 10 de Abril.
As vigílias, por turnos, 24h/dia, destinam-se a “evitar que material desapareça do interior da empresa e até que nos dêem alguma resposta e nos paguem”, revelou a JB um dos funcionários.
Durante esta semana aguardam o arresto dos bens móveis, na medida em que na última semana, através de uma advogada que representa todos os trabalhadores, deram entrada no Tribunal do Trabalho com uma Providência Cautelar, por forma a verem assegurados os seus direitos.
Segundo revelaram ao nosso jornal, a situação da empresa agravou-se bastante no último ano: “recebíamos tarde e a más horas”, contudo também é verdade que as encomendas começaram a escassear, agravando ainda mais a situação financeira da empresa.
“Para piorar as coisas houve um negócio mal sucedido com a exportação de bicicletas para França em que o importador francês também não cumpriu o contrato estabelecido com a empresa”, diz um outro funcionário. Agora, alegam que “o despedimento foi ilícito porque não houve uma carta de pré-aviso por parte da empresa”.
Ao JB avançam ainda que no dia 31 de Março, (dia em que a empresa encerrou, segundo os funcionários) o administrador da Fundador, Eduardo Castelão, deu a conhecer aos trabalhadores que tinha vendido a empresa a uma firma com sede na Quinta do Conde – Fernão Ferro. “Disse que íamos para o desemprego, justificando-se com a extinção do posto de trabalho”, avançam.
Uma coisa é certa, os funcionários, quase todos com 20 a 30 anos de casa, garantem que vão continuar em luta e só param quando receberem os salários em atraso.
“Um dos procuradores da tal firma que, supostamente, comprou a Fundador, esteve cá e prometeu que nos daria uma resposta por carta, informando sobre o que seria feito em relação aos trabalhadores e aos vencimentos em atraso. Mas até ao momento nada”, lamentam, acrescentando que lhes foi garantido que seria realizado “um estudo de viabilidade económica e que até já haveria uma parceria com uma empresa chinesa para que a Fundador voltasse a laborar”, acrescentam.
A empresa, com mais de meio século de existência, chegou, na década de 70, a empregar mais de uma centena de pessoas, sendo uma das que, no ramo, mantinha os melhores salários.
Durante décadas trilhou um caminho de sucesso, sendo responsável pela criação de novos modelos de motociclos, atomizadores e bicicletas.
Apesar dos esforços, não nos foi possível ouvir Eduardo Castelão, administrador da empresa que se mantem incontactável.

Catarina Cerca
catarina@jb.pt