Há dias, deparámos com uma situação insólita, mas perversa e condenável. Quando pretendíamos colher a foto da capelinha do Furadouro, verificámos que tinha sido alvo de assalto, pois havia-lhe sido partido um pedaço de parede junto ao batente da porta.
Tirámos a foto, mas depois, tivemos a curiosidade de abrir a porta e dar uma espreitadela e o que vimos foram duas coisas: um ninho em cima de uma suposta pia de água benta do lado esquerdo (os pássaros entram pela grade, sem estragos) e no sítio, onde era suposto estar a imagem de Santo António, está uma garrafa de vinho tinto. Segundo Arlete Martins, um dos três “donos” terá sido colocada por alguém, recentemente, de há 15 dias para cá, em tom de chacota, depois de ver o altar vazio durante tanto tempo, situação que revela grande falta de respeito e dignidade, brincadeira de muito mau gosto.
Infelizmente esta capelinha, que tem sido alvo de vários assaltos e já foram roubadas três imagens, umas vezes por dinheiro, outras para levarem as estatuetas, tinha algum rendimento, mas fica isolada, muito longe das povoações do Cascão ou do Silveiro. Os gatunos trabalhem sempre muito à vontade.
O dinheiro costumava a ser recolhido e entregue à Comissão da capela do Silveiro para mandar celebrar missas pelas Almas. Agora, de porta escancarada, não há quem mostre ali as suas devoções ou pague promessas. Entregam-no pessoalmente. Para o mesmo fim.
Entretanto, sabemos que a capelinha vai ser restaurada e, para eliminar tentações, em vez da imagem, vai ser colocado em fundo um painel em azulejo de Santo António. Também a porta irá ficar semi-aberta. Para evitar danos maiores.
Tristes sinais dos tempos.
Armor Pires Mota