Confiante e descrente ao mesmo tempo, o presidente da Câmara de Vagos já fez saber que não vai desistir do projecto turístico “Costa do Sal Golf Resort”, previsto para a freguesia da Gafanha da Boa Hora.
O principal promotor, PromoDois, que integra o Grupo Estia Development, colocou algumas restrições à parceria público-privada que detinha com a Câmara de Vagos, e aguarda agora pela conclusão do Plano de Pormenor para a zona. “Os investidores inverteram a lógica quando rebentou a crise, tendo diminuído o interesse pelo projecto”, confirmou Rui Cruz.
Segundo o autarca vaguense, a Câmara terá agora de desenvolver um Plano de Pormenor, e submetê-lo a consulta pública. Posteriormente, face aos avultados valores que o projecto envolve (o investimento global ascende a 213 milhões de euros), é só abrir concurso público. E se a PromoDois estiver interessada, a participada do Grupo Martifer vai ser “promotor exclusivo” do mesmo.
O alegado “compromisso” já existe, e foi avançado pelo presidente da Câmara de Vagos, no decorrer da última Assembleia Municipal, onde, face às críticas suscitadas pelos deputados do Movimento Vagos Primeiro (MVP), viria a defender que o negócio “não era bom para autarquia, era muito bom”.
Apesar dos condicionalismos previstos para a aprovação do Plano de Pormenor – Rui Cruz confessou mesmo que “é extremamente difícil, independentemente dos promotores que estão por detrás do processo, e que não deixaram de exercer magistério de influência a favor do plano de Vagos” – a autarquia promete não desistir do negócio.
Recorde-se que o projecto, resultante do trabalho levado a cabo pelo Grupo Martifer e as Câmaras de Ílhavo e Vagos, continha inicialmente “ingredientes” de sobra para promover o negócio no mercado estrangeiro. Designadamente no Brasil, Índia, China, Espanha, Escandinávia e Grã-Bretanha.
Pelo simples facto de, para além da vertente turística (hotel de cinco estrelas, praia privada, campos de golfe e marina, entre outros), prever também a construção de 400 moradias e 1.400 apartamentos, que os promotores pretendiam dirigidos ao mercado internacional, em cerca de 50%.
Inicialmente estava, também, previsto o desassoreamento do canal de Mira, entre a Vagueira e Costa Nova, manutenção da navegabilidade, balizamento e sinalização, e requalificação da frente lagunar junto à ponte da Vagueira. Uma nova ponte e respectivos acessos seriam, ainda, construídos, conjuntamente com a requalificação da Florestal N.º 1 e de toda a rede viária envolvente.
Por força da lei de Finanças Locais, a posição da autarquia era minoritária (49,9%), enquanto a Estia Development detinha os restantes 50,1%. Mas, segundo Rui Cruz, a participação camarária no empreendimento “não estaria apenas confinada à aprovação de planos de pormenor e venda de terrenos”.
Eduardo Jaques/Colaborador