O director artístico do Teatro Aveirense (TA), Pedro Jordão, pediu ontem a demissão do cargo, invocando falta de condições para o exercício das funções e acusando a câmara de Aveiro de não cumprir com o contrato-programa de financiamento do equipamento.
Em comunicado enviado ao final do dia, Pedro Jordão anunciou a demissão, justificando que a decisão “irreversível e ponderada” reflecte a “total falta de condições” com que diz confrontar-se desde Agosto passado no exercício das funções.
“Até ao momento, a pouco mais de dois meses do início de 2011, a tutela não assumiu qualquer posição relativamente ao próximo ano, não me tendo chegado até agora qualquer informação concreta quanto ao orçamento disponível, pelo que qualquer planeamento tem sido desde há muito impossível”, explica o director demissionário.
Pedro Jordão afirma ainda não confiar na capacidade de resposta da autarquia aos “graves problemas” que o TA atravessa, acusando a tutela de ter falhado na tentativa para encontrar soluções ou até em cumprir o contrato-programa nos últimos anos, o que seriam as “expectativas mínimas”.
O director demissionário refere-se ainda à diminuição do apoio atribuído este ano pela Direcção-Geral das Artes ao TA, face ao habitual, mas realça que se trata apenas de “uma pequena parte do problema”, tendo em conta os “avultados valores” em dívida pela câmara de Aveiro ao equipamento.
Apesar da “solidariedade repetidamente verbalizada”, o responsável sublinha que a câmara não correspondeu com “acções efectivas”, adiantando ainda que as informações que tem recebido apontam para “a indisponibilidade da tutela em alterar positivamente o financiamento do TA”.
Pedro Jordão disse ainda que sai por sua exclusiva iniciativa e sem qualquer tipo de compensação financeira, adiantando que cessará funções daqui a 30 dias, mas deixa programação confirmada até Janeiro de 2011.
Ex-dirigente do Cineclube de Aveiro, Pedro Jordão distinguiu-se, sobretudo, como dirigente e programador da Associação Cultural Mercado Negro, onde esteve até Setembro de 2009, iniciando funções, três meses mais tarde, no TA.
A Lusa tentou obter uma reacção da câmara de Aveiro, mas até ao momento não foi possível.