A manifestação agendada para a tarde do último domingo, pelo Movimento “Unidos pela Saúde”, em defesa da consulta de Atendimento Complementar do Centro de Saúde Anadia, acabou por não sair à rua. Para além de alguns elementos mais próximos de José Paixão, líder do Movimento, mais ninguém respondeu afirmativamente ao apelo deixado por aquele responsável e a manifestação acabou por não se realizar.
José Paixão era, assim, o rosto do descontentamento e da desilusão.
“O meu trabalho termina aqui”, revelou a JB, defendendo que “a população começa a contentar-se com migalhas e já não exige os serviços de qualidade e de proximidade a que tem direito”, lamentando que as queixas, os desabafos estejam limitados às mesas de café.
Triste por a população baixar os braços e a cabeça, deixando de lutar pelos seus direitos, reconhece que talvez o façam porque chegam à conclusão de que “lutar por uma melhor Saúde é uma causa perdida”.
Uma “despedida inglória”, diz, na medida em que esperava que a população se mobilizasse em defesa de uma consulta que, segundo José Paixão, funciona cada vez pior e que tem os dias contados.
Recorde-se que a manifestação anterior, realizada na noite de sábado, dia 9, fora igualmente pouco participada, evidenciando já o afastamento da população em relação às iniciativas promovidas pelo Movimento.
Melhores cuidados de saúde primários. A responsável pelo ACES Baixo Vouga I, Ana Oliveira, admitiu a JB que o desinteresse da população pela manifestação se prende com o facto das pessoas perceberem que a mudança em curso visa dar resposta de qualidade às suas necessidades. “Tentamos assegurar o melhor atendimento aos utentes nas Unidades, das 8 às 20h e nas Extensões de Saúde. O Atendimento Complementar é isso mesmo, um mero Atendimento Complementar”.
A responsável pelo ACES Baixo Vouga I revela que as mudanças graduais em curso, desde Abril de 2009, estão a ser feitas no sentido de melhorar os cuidados de saúde primários às populações Por isso, diz que o Manifesto entregue por José Paixão, a 9 de Abril, na Consulta de Atendimento Complementar, está pejado de mentiras. “Não está previsto o encerramento do Atendimento Complementar, assim como nenhuma Extensão encerrou no concelho, apenas uma ou outra estão com horários reduzidos devido ao pequeno número de utentes”, acrescentou. Já o tempo de espera, por vezes prolongado, no Atendimento Complementar prende-se com surtos de gripe e outros que esporadicamente surgem. Por isso, aconselha que a procura por esta consulta deva ser feita como recurso complementar e que os utentes, prioritariamente, procurem o médico de família ou sejam orientados para uma consulta de intersubstituição para situações agudas que devem ser verificadas no dia, dentro da própria Unidade de Saúde onde os utentes estão inscritos.
Quanto ao Atendimento Complementar, das 8 às 24h, irá sofrer alterações no mês de Maio. Alterações que se prendem com a constituição das equipas, nomeadamente nos turnos das mesmas.
Ana Oliveira salienta ainda as alterações já visíveis com a entrada em funcionamento das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados, nos Centros de Saúde de Anadia, Sangalhos e S. Lourenço do Bairro, mas também nas várias Extensões do concelho.
Ciente de que ainda existe um longo percurso a percorrer, admite que a situação de Anadia é melhor do que a registada nos concelhos de Oliveira do Bairro e de Águeda: “gostaria que estivessem tão bem servidos de recursos como está Anadia”, onde só falta um médico (houve uma aposentação) e estão 1200 pessoas sem médico de família.
Catarina Cerca