Este ano, as Marchas dos Santos Populares vão sair à rua, no âmbito da Feira da Vinha e do Vinho, bem mais “pobres”. A três semanas do certame estão apenas confirmadas as presenças das marchas de Tamengos, Amoreira da Gândara e da APPACDM. Todavia, é provável que a autarquia venha a convidar uma marcha de fora do concelho, para dar mais brilho à noite de 22 de Junho, dia em que as marchas fazem a sua exibição no Vale Santo.
A crise financeira, as dificuldades económicas sentidas cada vez mais pelas populações, a desmotivação, a falta de participação cívica e o desinteresse são apontados como alguns dos factores que podem ter contribuído para esta situação insólita.
Num concelho com 15 freguesias, apenas duas conseguiram reunir os meios necessários para fazer uma marcha (Tamengos e Amoreira da Gândara), a que se junta a “jovem” marcha da APPACDM, que pelo segundo ano estava disposta a marcar presença.
De resto, a Feira da Vinha e do Vinho, desde a sua 1.ª edição, em 2004, contou sempre com uma média de quatro, cinco e sete marchas em actuação. Este ano, na 8.ª edição do certame, haverá então menos marchantes, menos balões e menos arcos no anfiteatro do Vale Santo.
Uma das que mais elementos mobilizava era a de S. Lourenço do Bairro. Não falhou uma única edição da Feira. Lurdes Costa foi, durante uma década, a principal responsável pela marcha que era uma das mais aguardadas pelo público. Foi com tristeza que nos confessou que, este ano, a freguesia não participará. “Eu já tinha dito que iria parar. Foram 10 anos”, disse, admitindo que a falta de verbas, o desinteresse e desmotivação das pessoas contribui para este desfecho. Já a freguesia de V. N. Monsarros só falhou a 1.ª edição da Feira. Apresentando-se sempre com grande beleza, é também uma das ausências mais sentidas. António Duarte, presidente da JF diz que, este ano, pesaram um conjunto de factores, nomeadamente a dificuldade em arranjar elementos, ou seja, a falta de participação. Contudo, admite que Juntas e Câmara terão de repensar as marchas. “A crise e um dos grandes responsáveis”, admitindo que os três mil euros de subsídio atribuídos pela Câmara a cada marcha são insuficientes já que a sua montagem ascende aos cinco mil euros.
Carlos Pintado integrou a Comissão que, em 2010, apresentou a marcha da freguesia de Arcos que participara igualmente nos anos de 2004 e 2005, ainda que com a designação de marcha da Rua de Trás. É igualmente uma das grandes ausentes. “A Câmara tem de repensar o apoio que dá às marchas. Uma marcha custa bem mais de cinco mil euros e os três mil euros que a Câmara dá de subsídio é insuficiente”, admitindo que, nos dias que correm, é difícil aos participantes suportar custos com vestuário, calçado, adereços, músicos e tudo o resto.
De referir que a marcha de Tamengos esteve presente em todas as edições, enquanto que a de Samel participou nos primeiros três certames. Sangalhos manteve-se de 2008 a 2010, menos um ano do que a marcha de Amoreira da Gândara, que desfilou, em Anadia, desde 2007. Paredes do Bairro participou na 1.ª e 3.ª edições.
CC