O distrito de Aveiro existem mais de 36 mil desempregados, a maioria mulheres, revela um relatório, anteontem, divulgado pela União dos Sindicatos distrital, que alertou para a tendência de aumento do desemprego.
“Em março de 2011, o número de desempregados registados no distrito era de 36.326, ou seja, 6,88 por cento do continente”, lê-se no documento.
A União dos Sindicatos de Aveiro indicou ainda que em março estão registados menos 923 desempregados do que em fevereiro.
De acordo com o relatório, o número de desempregados representa 9,82 por cento da população ativa do distrito, as mulheres continuam a ser as mais afetadas (são 58,6 por cento dos desempregados no distrito) e o desemprego de longa duração (48,5 por cento) atinge 17.620 trabalhadores.
“O desemprego registado na faixa etária dos 35 aos 54 anos é de 16.980, ou seja, 46,74 por cento do desemprego registado no distrito” e 12.142 jovens com menos de 34 anos estão também desempregados (33,43 por cento).
A União dos Sindicatos afirma que aquele continua a ser o quinto distrito com mais desemprego no país.
Em declarações à Lusa, o coordenador da União dos Sindicatos de Aveiro, Joaquim Almeida, disse que estes dados são do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), mas ressalvou que “são indicadores e não a realidade”.
“O IEFP não explica a diferença entre o número de desempregados registados e os que se vão inscrevendo”, apontou.
O responsável afirmou que “em fevereiro existiam 37.249 desempregados registados e, entretanto, inscreveram-se em março mais 2.840, o que dá um total de 40.089”.
“O IEFP dá 36.326. Faltam aqui 3.763, não se percebe onde param”, afirmou, acusando o instituto de manipulação: “Os desempregados não deviam ser utilizados para gestão estatística”.
Considerando que os números oficiais são graves, Joaquim Almeida referiu que a “perspetiva do futuro imediato não é brilhante”.
No relatório pode ler-se que “alguns indicadores mostram que o desemprego real vai aumentar no distrito durante o ano de 2011”.
A desvalorização geral dos salários, o congelamento e corte das pensões de reforma, o aumento do IVA e do IRS, os cortes nas prestações sociais, o aumento dos preços, a redução das indemnizações e o alargamento das possibilidades para despedir são alguns dos indicadores referidos.
Joaquim Almeida disse ainda que há “centenas de milhares de pessoas em situação de pobreza no distrito” de Aveiro e defendeu que a situação vai piorar “se as medidas da ‘troika’ se vierem a implementar”.
Para contrariar a situação, a União dos Sindicatos de Aveiro exige a atualização do salário mínimo para 500 euros, o alargamento da cobertura das prestações de desemprego e a melhoria do poder de compra dos salários, das pensões e prestações sociais.
Combater a precariedade e garantir apoios efetivos ao emprego são outras das reivindicações.
A União dos Sindicatos de Aveiro apelou ainda aos trabalhadores para se juntarem à manifestação nacional de 19 de maio contra a atuação do FMI e da União Europeia.