A consulta de Atendimento Complementar do Centro de Saúde de Anadia – a funcionar no Hospital José Luciano de Castro – esteve sem médico no período da manhã, da última quinta-feira.
A situação tem-se vindo a repetir com alguma frequência e os utentes, descontentes, procuram encontrar solução recorrendo a outras Unidades de Saúde e até a serviços privados.
Pouco passava das 9h30 quando, à saída da Consulta de Atendimento Complementar de Anadia, Lídia Pereira, da Moita, que tinha recorrido à consulta com uma filha menor, mostrou o seu descontentamento. A menina, de apenas 7 anos, estava com febre há dois dias. “Vim eram 8h. Fiz a inscrição e aguardei. Só mais tarde fiquei a saber que o médico não vinha”, adiantou. Lamentando a situação, avançou que irá regressar com a menina às 14h “para ver se o médico do turno da tarde não vai faltar”, confessando que naquela manhã as várias pessoas que passaram pela Consulta de Atendimento Complementar foram embora por não haver médico.
À saída também Isabel Castro, de Aguim, se mostrou desagradada com a situação. “Já ontem aqui vim, mas estava muita gente. Hoje vim para cá às 7h30 para ser das primeiras e não temos médico”, diz, mostrando alguma preocupação até porque não tem médico de família atribuído: “A minha médica foi para a reforma e ainda não consegui um médico de família”.
A JB avançou ainda que a sua situação deverá ser resolvida dentro de horas na medida em que ao ligar para o Centro de Saúde de Anadia haveria um médico disponível para ver o seu filho de 10 anos naquele mesmo dia. Todavia, Isabel Castro não deixou de lamentar que muitas pessoas, com crianças pequenas, tenham sido obrigadas a ir embora, por falta de médico.
Na verdade, a ideia que dá é que as pessoas, sobretudo as mais novas, procuram “desenrrascar-se” o melhor que podem, face à situação.
Foi o caso de Fernanda Oliveira, de Anadia, que recorreu à consulta com a sua bebé de 19 meses que estava com febre há já três dias. “Não vou ficar aqui na incerteza. Vou já para Águeda, Mealhada ou Coimbra. Logo vejo.”
Da Fogueira, Maria Elisabete Simões também deu “com o nariz na porta”.
“Estou a sentir-me mal, com dores no ouvido. Dizem-me que à tarde haverá médico. Vou aguardar, pois não tenho médico de família. Se não conseguir terei de ir a Águeda ou à Mealhada”, reconhecendo que a qualidade dos serviços de Saúde deixam muito a desejar, nos dias que correm.
Apesar de não conseguirmos uma resposta às questões colocadas ao ACES Baixo Vouga I, numa anterior situação semelhante à agora ocorrida, era explicado por aquele organismo que a situação se deve à falta de médicos no ACES Baixo Vouga I, que integra os Centros de Saúde Águeda, Anadia, Oliveira do Bairro e Sever do Vouga.
Na altura, a médica Ana Oliveira, directora do ACES Baixo Vouga I, revelava que o ACES Baixo Vouga I conta com 62 clínicos, quando deveria ter 81.
As situações de urgência, essas continuam, como até aqui, a ser encaminhadas para os Hospitais de Águeda, Aveiro e Coimbra.
Na terça-feira, dia de fecho da edição, a situação estava normalizada.
Catarina Cerca