Com acordo apenas para 15 utentes em Centro de Dia, mas a prestar apoio a 23 idosos (em Janeiro entram mais dois), o Centro de Bem-Estar Social de Tamengos começa a atravessar uma situação financeira difícil, na medida em que a revisão do acordo com a Segurança Social tarda a chegar. “A revisão do acordo seria o milagre de Natal de que necessitamos”, confessa Patrícia Castilho, directora-técnica desta IPSS, acrescentando que a situação da instituição não é dramática, mas preocupante. “Temos as contas muito controladas e já fazemos alguns sacrifícios”, reconhece.
Com capacidade para 30 idosos, o Centro Social já solicitou à Segurança Social, vai para meio ano, a revisão dos acordos para 25 utentes, um número que permitiria à instituição uma gestão mais folgada. “As pensões dos nossos idosos não cobrem os custos que temos com eles. Neste momento, passamos por grandes dificuldades, até porque o mês de Dezembro acarreta custos acrescidos para a instituição”, diz.
Por outro lado, esta responsável esclarece que é quase impensável poder fazer aumento das mensalidades, até porque a quase totalidade dos utentes têm pensões muito baixas, sem possibilidades de poder pagar uma prestação mensal mais consentânia com os serviços de que usufruem na instituição.
“Os nossos idosos pagam entre 95 e 195 euros. São quantias irrisórias em relação à qualidade do serviço prestado. Mas não têm dinheiro para mais”, diz.
Ao JB, esta responsável não deixa de lamentar ainda a falta de interesse da população pela instituição. “O alheamento é total e notamos que não há qualquer interesse por nós. Isso dói-nos imenso”, acrescenta, denunciando também a falta de interesse dos sócios e da população em geral pela única IPSS da freguesia. “Na última assembleia-geral, estiveram sete pessoas. Isso é demonstrativo do que se passa”, diz. Apesar do árduo trabalho realizado junto da terceira idade, o Centro Social é ainda responsável pelo CATL de 27 crianças e pelo almoço de 50 meninos. “O desalento e o desânimo são sentimentos que nos rondam, pois não nos sentimos acarinhados e queridos pela população e pelas entidades locais”.
Sublinhando que a instituição não corre riscos de fechar, admite que se não houver rapidamente uma revisão dos acordos com a Segurança Social, será muito difícil sobreviver, muito embora não haja dívidas, ou salários em atraso.
“Daqui para a frente não sei como será, mas não havendo uma revisão dos acordos, torna-se complicado continuar a fazer solidariedade social”, admitindo que a instituição vai continuar a trabalhar o melhor que sabe e a lutar para manter os bons padrões de qualidade. Por isso, Patrícia Castilho realça ainda “a excepcional equipa de colaboradoras” que levam a cabo “um enorme trabalho social”.
“Se não tivermos apoio, seremos obrigados a deixar de ser solidários e deixar de socorrer muitos casos”, reconhece, lançando um apelo, quase que desesperado, aos sócios e à população para que não volte as costas a este importante e basilar pilar da freguesia que é o Centro Social.
“Sem dinheiro não poderemos investir em melhorias para o Centro Social, limitando-nos à gestão diária, ou seja, a manter em dia as despesas fixas mensais”, sublinhando que gostaria que as pessoas se envolvessem mais, se interessassem e contribuíssem para com a instituição. Justificação para esta situação não encontra, mas admite que o individualismo das pessoas, a falta de união, o egoísmo contribuam para tal.
A terminar, faz votos de que a Ceia de Natal, que se vai realizar no dia 23, seja uma festa bastante participada, uma oportunidade para unir a população em torno da instituição: “seria uma bonita prenda”.
Catarina Cerca