A Alameda da Cidade de Oliveira do Bairro foi o mote para a primeira Conversa de Café, organizada, na sexta-feira, 29 de junho, pelo Jornal da Bairrada e apoiada pelo Hotel Paraíso e pela Rádio Província de Anadia, que a transmite esta sexta-feira, dia 6, entre as 10h e as 12h.
Entre comerciantes e moradores no concelho de Oliveira do Bairro, foram mais de 70 os que se quiseram inteirar do ponto da situação da Alameda da Cidade. Quiseram, acima de tudo, partilhar problemas e ouvir as explicações dos vereadores da oposição presentes, já que o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, Mário João Oliveira, rejeitou o convite para estar presente.
Convidados para estas primeiras Conversas, o presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Bairro, Márcio Oliveira; o vereador do CDS/PP na Câmara Municipal de Oliveira do Bairro (CMOB), Jorge Mendonça; o presidente da concelhia do PS e vereador PS em regime de substituição na CMOB, Manuel Bôrras; um representante dos comerciantes, Óscar Damaya, e um representante dos proprietários, Conceição Mota, falaram abertamente sobre os efeitos que as obras estão a provocar no comércio local e defenderam as suas posições.
Diagnóstico feito
O presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Bairro, Márcio Oliveira, defendeu a importância da obra, que “permitirá que aquela via deixe de ser um eixo de passagem e passe a ser um eixo estruturante para a cidade”.
Márcio Oliveira reconheceu que “existem sentimentos de discórdia, mas que não se pode culpabilizar o executivo por não ter divulgado convenientemente o projeto, já que este foi apresentado em Assembleias Municipais, reuniões de Câmara e sessões públicas”.
Garantiu que a obra “vai ser bonita e trazer muita gente para Oliveira do Bairro”, justificando que “os partidos devem estar unidos e só separados no dia das eleições”.
Lançou ainda o repto para que, “nos próximos tempos, de forma colaborativa com o poder autárquico, se procurem respostas”.
Mudança de atitude
Jorge Mendonça, eleito pelo CDS/PP, deixou claro que “se trata de uma grande obra e que as pessoas não vão à Câmara criticar. O problema é que as questões não são respondidas”.
Defendeu ainda que, ao contrário daquilo que se pretende, “não acredito que a Alameda seja um grande centro comercial, até porque, para o bem ou para o mal, estamos muito perto de Aveiro e de Coimbra”.
O autarca sublinhou ainda que “o projeto devia contemplar um largo, onde pudesse haver um concerto ou outras atividades”, referindo que “se trata de uma avenida e não de uma alameda, já que não tem árvores”. “Eu não levava uma criança pela mão de forma descansada, ainda para mais quando o executivo diz – está registado em ata – que o trânsito diário é de 30 mil viaturas.”
Deixando sempre claro que não é contra a obra, Jorge Mendonça destacou ainda a importância de todos os envolvidos na obra darem as mãos e serem solidários.
Disse ainda que o executivo tem que ir à casa das pessoas, ouvi-las. “O projeto, se for imposto, não resolve nada.”
Preocupações
Manuel Bôrras, vereador do PS, começou por afirmar ter consciência da complexidade da obra e das suas implicações. Contudo, “os trajetos do gás e da fibra deviam estar no papel, mas infelizmente não estão. Não posso entender que não se saiba a que profundidade está o gás e a fibra”.
“Esta obra devia ter outro tratamento por parte do executivo na auscultação de opiniões.” O líder do PS concelhio deixou claro que “todos queremos que a alameda seja construída, pois trata-se de uma obra de grande envergadura, pelo que o planeamento deve ser muito bem feito para que o prejuízo seja o menor possível.” “O executivo assumiu uma postura de, quem quiser saber alguma coisa que venha cá saber”, acrescentou, afirmando que “temos de ir ao encontro uns dos outros, enquanto que os comerciantes devem esclarecer rapidamente as suas dúvidas”.
Disse ainda levar das Conversas de Café uma quantidade de preocupações e de queixas, esperando que, “com a nova postura do executivo, a obra seja feita próxima do prazo”, que entretanto foi prorrogado para janeiro de 2013.
Confuso
Óscar Damaya, representante dos comerciantes, confessou estar cada vez mais confuso, uma vez que “estamos a seis meses do fim da obra e ainda não sabemos qual é o projeto final”. “Todos sabemos que, nos próximos seis meses, a obra não vai ser acabada. Acho que este momento era ideal para que fosse criada uma comissão para acompanhar o processo e que seria constituída entre os moradores, comerciantes, técnicos e Junta de Freguesia”. Óscar Damaya revelou ainda que “as quebras dos comerciantes estão na casa dos 45 % a 50% e parte das quebras surgiu após o corte do segundo acesso à cidade”, sugerindo ainda que “o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) fosse ressarcido como forma de minimizar os prejuízos”.
Descontentamento
Conceição Mota, representante dos proprietários diz que “há um descontentamento por falta de informação e de esclarecimentos pelas constantes alterações e incertezas no projeto. Um descontentamento pela forma como os proprietários têm sido abordados e pela falta de informação e pela falta de interesse pelas questões e problemas de cada morador”.
Depois de António Mota, presidente da Comissão Política do PSD, ter afirmado que o presidente da Câmara passou a liderar o processo e que se está a deslocar, pessoalmente, às casas dos moradores, Conceição Mota diz esperar que “todos os moradores aguardem por esta nova postura do presidente da Câmara, para que este resolva os problemas caso a caso. É pena que não tenha começado aqui”.