A Segurança Social de Aveiro encerrou, na penúltima quarta-feira, uma residência em Amoreira da Gândara, que funcionava como Lar, onde se encontravam nove idosos – com idades entre os 70 e 92 anos -, quatro dos quais acamados. Os idosos não evidenciavam sinais de maus tratos nem de subnutrição e foram retirados no dia seguinte.
Os idosos, todos residentes na região da Bairrada, foram transportados pelos bombeiros de Anadia para locais de acolhimento indicados pela Segurança Social, no distrito de Aveiro. Um dos idosos ficou com familiares.
A operação durou mais de seis horas, porque havia idosos que não queriam sair da residência. “Os idosos não queriam sair daqui porque eram bem tratados. A Segurança Social teve de pressionar e insistir, quase ameaçar as pessoas para saírem”, referiu Mário Fidalgo, marido da proprietária do Lar ilegal.
O responsável admitiu que o Lar não tinha alvará para funcionar, mas afirmou que a casa tinha “boas condições” e que os cuidados médicos eram assegurados por um médico e uma enfermeira.
Preços. Os idosos estavam divididos por quatro quartos, equipados com camas articuladas, e, segundo Mário Fidalgo, o Lar tinha uma grande procura, porque os preços eram “irrisórios”.
“Era quase uma casa de caridade”, afirmou, acrescentando que dos nove utentes, apenas três pagavam uma mensalidade entre os 300 e os 400 euros.
Os restantes não pagavam nada, três porque eram familiares dos proprietários e os outros porque havia um acordo para ficarem com os seus bens, após a sua morte.
Fiscalização. Mário Fidalgo afirma que a Segurança Social tinha conhecimento da situação. “Vários técnicos vieram aqui, nos últimos anos, e sugeriram a realização de algumas obras de melhoramentos.”
O responsável acusa a Segurança Social de perseguição, alegando que fizeram vários pedidos para legalizar o Lar, mas que foram sempre recusados. “Eles estavam sempre a implicar com qualquer coisa”, afirmou.
A dona do Lar ilegal, de 35 anos, é reincidente, pois já explorou outros Lares, que também foram encerrados, nos distritos de Aveiro e Coimbra.
O último espaço a ser encerrado foi em 2010, em Cantanhede, tendo a proprietária do Lar sido multada em cerca de 2.500 euros pela Segurança Social e ficado inibida de exercer a atividade por dois anos.
Alguns familiares presentes não quiseram falar aos jornalistas, no entanto, Florbela Silva, que foi surpreendida pela operação da GNR, quando visitava a sogra, afirmou ao JB, que “apesar da minha sogra estar aqui há pouco tempo, não temos nenhuma razão de queixa”. “Aparentemente as condições não eram más. Aliás, a comida era boa”, acrescentou.
Pedro Fontes da Costa
pedro@jb.pt