Doze anos de vida autárquica deram a António Duarte uma visão diferente da ideia que se tem do que é o poder local e o seu relacionamento com as populações. Aliás, mais do que de obras, prefere falar de um trabalho de fundo realizado pelo seu executivo que, em vários anos, foi para lá do que os planos de atividades previam realizar: “acabámos sempre por improvisar um pouco, porque surgem, diariamente, situações novas com as quais não contávamos e que se tornaram prioritárias”. Por outro lado, defende que a grande vitória e mais valia do mandato foi conseguir “um bom relacionamento com as pessoas, saber ouvir a população”.
Apoio ao Movimento Independente. “Saio de consciência tranquila porque não arranjei inimigos, nem problemas com ninguém, embora não seja possível agradar a todas as pessoas”, diz, ao mesmo tempo que faz um balanço extremamente positivo destes 12 anos de vida autárquica. Embora não se possa recandidatar (atingiu o limite de mandatos previstos na lei) dá a cara pelo Movimento Independente, criado por Litério Marques. Porquê? A JB explica que a memória política das pessoas é muito curta : “se bem se lembram, se não fosse o atual executivo de Litério Marques, eu não teria feito este terceiro mandato, porque simplesmente não era o candidato que a Concelhia do PSD queria. Eu não lhes servia”, adianta, dizendo que a sua filiação no PSD foi sempre negada pela Concelhia e conseguida apenas quando se inscreveu em Lisboa. Por isso, espera que nas próximas autárquicas, embora não seja cabeça de lista à JF, “a população apoie a nossa lista, porque eu vou estar no terreno, como Independente”.
Obra feita. Em 12 anos à frente de uma freguesia predominantemente serrana e rural, António Duarte reconhece como obras mais marcantes os vários melhoramentos realizados sucessivamente nos cemitérios de Grada e de Vila Nova de Monsarros, mas também as beneficiações nos vários estabelecimentos de ensino que, entretanto, foram fechando, por falta de crianças. Também ao nível da floresta o seu executivo tem vindo a apostar na limpeza e arranjos de caminhos florestais, em parceria com a Câmara Municipal.
O autarca fala ainda da retificação das margens do Rio da Serra, em Algeriz, Parada e em Vila Nova de Monsarros, mas também na construção de uma ponte em betão, em Vale de Barrão. Já ao nível do saneamento, sublinha o muito que foi feito estando Vila Nova de Monsarros, Poço, Grada e Monsarros com cobertura quase a 100%: “Parada não tem ainda saneamento e o lugar de Algeriz já tem a canalização enterrada.” Este lugar poderá, até ao final do mês de março, passar a ter água da rede, uma vez que já se encontra concluído o furo, o tanque e os ramais. “Falta só fazer a ligação.”
Obra em final de mandato. A oito meses do fim do mandato, existe uma beneficiação que irá, por certo, marcar o mandato. Trata-se da reabilitação do centro de Vila Nova de Monsarros, mais concretamente do Largo Júlio José Almeida. Um espaço central, onde se encontra um chafariz que vai ser totalmente reabilitado. O projeto de reabilitação urbana que está a ser ultimado prevê a demolição de um imóvel bastante degradado (adquirido pela Câmara Municipal) e o alargamento da via e zona envolvente: “a obra vem requalificar o trânsito que naquela zona é caótico, dar um aspeto visual mais digno ao local, criar uma pequena zona de lazer.
Perdas na saúde. De saída, António Duarte não deixa de lamentar profundamente a perda da Extensão de Saúde, por culpa da Tutela: “falta de sensibilidade de quem nos governa”, mas também por culpa do próprio povo, que optou por ir atrás do médico de família para Anadia, esvaziando a Extensão de Saúde local. Também na Educação, a freguesia assistiu a sucessivos encerramentos de estabelecimentos de ensino, não só porque nascem menos crianças, mas porque os pais “não são bairristas e colocam-nos noutras instituições, noutras freguesias vizinhas, quando a freguesia até possui uma IPSS capaz de dar resposta a estas solicitações”, afiança.
Catarina Cerca
catarina@jb.pt