São 18, os moinhos de água, existentes ao longo do rio que começa no lugar de Ferreirinhos (Avelãs de Cima), passando por Canelas, Póvoa do Gago, terminando em Ferreiros, junto ao Moinho Velho (Moita). Um património centenário que um grupo de canelenses (Canelas – Avelãs de Cima) quer recuperar para dar forma a um projeto único no concelho e na região, designado de Rota dos Moinhos.
Aspeto legal e burocrático. Esta Rota, que poderá ser uma realidade dentro de um ano, é um sonho antigo mas que só agora poderá concretizar-se na medida em que o aspeto burocrático e legal deverá contar com o envolvimento da Câmara Municipal de Anadia e da União Recreativa e Cultural de Canelas, até por causa desta coletividade poder ser a base legal, possibilitando agilizar apoios e subsídios para as obras necessárias.
“Este projeto será integrado na secção cultural e do património da URC de Canelas, que ficará com a responsabilidade da sua execução e posterior manutenção”, diz Alberto Simões, enquanto que Américo Tomás sublinha a boa recetividade do executivo anadiense à ideia.
“Na reunião pública do executivo, realizada a 24 de abril, depois de expormos a ideia da reconstrução e da criação de um percurso pedonal, todo o executivo foi unânime em considerar o projeto uma mais valia para a freguesia e para o concelho. Isso foi um grande incentivo para nós”, acrescenta, dando conta que a autarquia anadiense poderá ajudar no apoio técnico, jurídico, material e de máquinas para a realização das obras.
Cientes das dezenas de contactos que ainda terão de fazer com todos os proprietários e herdeiros de moinhos, os promotores da ideia (Alberto Simões, Américo Tomás, João Figueiredo e António Melo, todos de Canelas) estão determinados, com ajuda da população e das entidades locais, em levar o projeto a bom porto.
“Pretendemos proceder à reconstrução dos que se encontrem menos degradados e preservar as ruínas dos restantes”, dizem.
“Uma coisa é certa, queremos preservar o mais fielmente possível o aspeto original dos moinhos. Para já, queremos reconstruir três: um na Póvoa do Gago, outro em Canelas e um terceiro em Ferrerinhos), ou seja, um em cada povoação, deixando os outros em ruínas, mas limpos, preservados e todos eles devidamente identificados.
Obras em curso. Prova do trabalho já em curso é o moinho que já se encontra na fase final de recuperação (na foto), que ascende a 2 mil euros, a espensas dos proprietários e herdeiros, é certo, mas que em breve deverá marcar o início deste arrojado projeto.
“Agora não vamos parar”, diz Alberto Simões, dando conta de que ao longo do percurso existe ainda, um lagar de azeite de vara (os proprietários vão ser igualmente contactados) que, apesar do avançado estado de degradação, poderá vir a ser integrado nesta rota, dada a sua singularidade.
A par destas obras vai também ser criado um percurso pedonal, numa extensão de aproximadamente 8 quilómetros (até ao Moinho do Pisco), com principal enfoque para a preservação das árvores existentes, nomeadamente carvalhos, castanheiros, salgueiros, sobreiros, sanguinheiros, medrunheiros, entre outras espécies.
Em simultâneo, deverá também ser construído um paredão numa presa existente no rio e que fornecerá água a este moinho que se encontra já praticamente reconstruido. A vala original já foi limpa, possibilitando a passagem da água que vai “alimentar” este moinho.
“Será sem dúvida uma atração turística para o concelho, uma forma de preservar o património,” destacam.
Catarina Cerca