Mais de meia centena de famílias da freguesia de Sangalhos estão a receber ajuda do Grupo Paroquial da Cáritas de Sangalhos.
Um apoio só possível graças à generosidade da população que, nos últimos meses, tem contribuído de forma ímpar para com esta causa.
Vergite Rainho e Violeta Moreira integram o grupo de 12 elementos que compõe a Cáritas de Sangalhos e a JB fazem um balanço extremamente positivo das dádivas recebidas.
Embora esteja presente na freguesia desde a década de 90, a verdade é que o Grupo tem estado bastante ativo, muito por força da crise e dificuldades sócio-económicas que afetam muitos agregados familiares da freguesia.
Ambas reconhecem que o apelo feito aos paroquianos pelo pároco Manuel Melo foi determinante para o sucesso da recolha, até porque já houvera, há uns anos, iniciativa semelhante que não foi tão bem sucedida.
Sucesso da iniciativa. “O apelo feito na quaresma correu muito bem. Superou as expetativas e foram arrecadadas algumas centenas de géneros alimentares”, dizem-nos, dando conta de que “depois, sendo o dia 11 de abril – Dia da Partilha, no âmbito da Missão Jubiliar da Diocese de Aveiro, o apelo realizado, de novo, pelo pároco permitiu recolher mais de 700 quilos de géneros alimentares não perecíveis”.
Os paroquianos, nas missas, na Igreja Matriz e nas várias capelas e até no cartório foram deixando as suas dádivas. Daí a presença – que se vai manter porque a fome não acabou – nas missas na Igreja Matriz de um cesto em verga onde podem continuar a deixar alguns bens para que outros não passem fome.
Vergite Rainho e Violeta Moreira dizem que a Cáritas nunca ajudou tanta gente na freguesia e que não têm mãos a medir: “todos os dias chegam mais e mais pedidos de ajuda”. Idosos com pensões extremamente baixas, casais desempregados, com filhos a cargo, são situações com que se confrontam todos os dias.
“Chegam-nos com fome, porque têm as despensas vazias, não têm dinheiro para comprar medicamentos ou pagar água, luz ou gás”, revelam, sublinhando a dor de alma que sentem quando em determinados períodos pouco têm para partilhar. “É muito triste termos que dizer não, porque nos faltam géneros alimentares”. Por isso fazem um apelo para que os sangalhenses, dentro das suas possibilidades continuem a partilhar e a colaborar, já que estes pequenos gestos fazem a diferença na vida de muita famílias. “Infelizmente ainda temos muita fome envergonhada, mas as pessoas não têm que ter vergonha e devem pedir ajuda, para não sofrerem tanto”, dizem-nos lamentando não poderem dar apoios a estes agregados familiares todos os meses: “demos uma saca de bens no Natal, na Páscoa, agora em maio e vamos dar em finais de junho ou inícios de julho”.
Apelo à partilha continua. Mas de facto também nunca a população foi tão generosa e sensível a este flagelo e as dadívas vão chegando, ainda que em menor quantidade. Com as prateleiras a ficar agora mais vazias aguardam ainda receber a entrega anual do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados (PCAAC) da Segurança Social e apelam à solidariedade de todos para que esta onda de partilha não pare.
CC