Mais uma (des)união no concelho de Anadia. Na União de Freguesias de Tamengos, Aguim e Óis do Bairro, a guerra está instalada, com os guinatos a reivindicarem a sede de freguesia para Aguim.
Américo Simões e Teresa Bandarra (PSD), José Lagoa e Carlos Lagoa (UTD), em comum têm o facto de, nas últimas eleições autárquicas, terem sido eleitos para esta União de Freguesias, ainda que em partidos diferentes. Agora, assumem uma posição de união e força no sentido de quererem forçar um outro guinato (quinto elemento, Francisco Fonte, eleito pelo MIAP, residente também em Aguim), entretanto escolhido para ocupar o lugar de tesoureiro da nova União de Freguesias, a suspender o cargo por um pequeno período de tempo, por forma a conseguirem “trazer” a sede da freguesia para Aguim.
Paralelamente, o candidato do PSD, Américo Simões já tomou a iniciativa de impugnar a tomada de posse, alegadamente devido a um conjunto de ilegalidades cometidas durante a instalação da Assembleia de Freguesia.
Explicações. Ao início da noite do passado dia 24, teve lugar no salão da Associação Recreativa Aguinense, uma reunião de esclarecimento com a população da freguesia, no sentido de dar conta de que Aguim pode ainda vir a sede da União de Freguesias.
Américo Simões explicou às mais de duas centenas de presentes ter, logo a seguir às eleições, procurado José Lagoa, cabeça da lista mais votada em Aguim, no sentido de o auscultar, de “conciliar esforços e definir estratégias para conseguir a sede da Junta para Aguim”.
“Iniciaram-se algumas reuniões com todos os eleitos residentes em Aguim, nas diversas listas concorrentes”, referiu, dando conta de que Francisco Fonte terá reconhecido e deixado transparecer ter sido enganado aquando da constituição da lista à qual pertencia.
Américo Simões diria ainda que “à medida que aclarava ideias, cresceu o sentimento de revolta e a vontade de nos apoiar no sentido de trazer a sede da União de Freguesias para Aguim”, mas que, todavia, “como já tinha aceite a proposta feita pelo cabeça da lista mais votada na União (MIAP) para ser proposto a tesoureiro, nunca se comprometeu com a nossa iniciativa, dizendo contudo, que lutaria connosco pelo nosso objetivo, desde que conseguíssemos vetar o seu nome na votação em Assembleia para o lugar de tesoureiro”.
Agora, os quatro elementos alegam que “bastaria que Francisco Fonte, em Assembleia de eleição para o cargo a que estava a ser proposto, votasse em branco, o que não fez”, para ter a sede em Aguim.
“A lealdade e união deste grupo era fundamental, e ele traiu a nossa lealdade”, disse Américo Simões.
Agora, numa derradeira tentativa, pretendem pressionar Francisco Fonte a pedir a suspensão temporária do cargo de tesoureiro, o que lhe permite regressar à Assembleia e votar na sede da Junta para Aguim, regressando depois ao seu lugar no executivo. “Apelamos a todos os verdadeiros guinatos que lhe sejam próximos, que o pressionem e influenciem a tomar uma decisão que sirva os interesses dos aguinenses”, referiu Américo Simões.
Ex-autarca diz que muda residência para a Mealhada. Também o ex-autarca de Aguim, José Lagoa, cabeça de lista pela União ,Trabalho e Dedicação – UTD) eleito para a UF sublinharia que, das três freguesias, Aguim era aquela que tinha mais elementos na Assembleia (cinco pessoas dos vários partidos, aos quais se soma Mário Matias que, sendo de Tamengos, defende a sede da União de Freguesias em Aguim).
Por isso, diz que “para Tamengos nunca irei. Nasci nesta freguesia e não vou morrer na Freguesia de Tamengos”, ameaçando mudar a residência para o concelho da Mealhada, onde possui uma habitação.
Revoltado com a situação, José Lagoa desabafou dizendo que, “embora Aguim seja conhecida como a terra de doutores, mais parece uma terra de atrasados mentais”, uma vez que entende ser a população responsável pela situação: “poderíamos estar à vontade. Quem votou no MIAP à espera de ver os interesses da freguesia defendidos, perdeu o seu tempo. Agora, só resta pressionar Francisco Fonte para que suspenda o mandato, para termos a maioria na Assembleia”.
Reforçando esta ideia, José Lagoa diz nunca ter visto, em 19 anos de vida política, uma tomada de posse como aquela, “de uma incapacidade total”. “Fiz uma série de interrupções senão seria tudo ilegal. Mas deixámos passar um ponto para poder impugnar a tomada de posse. A carta registada já seguiu”, adiantou aos populares.
José Lagoa desafiou ainda a população a manifestar-se, defendendo que esta deve estar presente na próxima Assembleia de Freguesia, em Tamengos e, “na hora certa, todos, de dedo em riste, apontar para o Francisco que nos vai roubar a freguesia”.
Ao JB, Francisco Fonte não quis prestar declarações, por considerar não ser oportuno. Por outro lado, disse apenas que assumiu uma posição, uma palavra que irá manter.
Autarca reage. Óscar Ventura, presidente da Junta de Freguesia da nova União, prefere não alimentar polémicas, que não conduzem a lado nenhum, até porque, como disse, “o tempo é de trabalho”. Todavia, admite que a data para a nova Assembleia ainda não foi marcada devido à necessidade de proceder alterações ao Regimento. “Houve uma reunião para proceder às alterações necessárias ao Regimento e não apareceu nenhum eleito por Aguim. Aliás, não conseguimos contactar o Sr. José Lagoa: não atende o telefone, já fomos à Junta e enviámos cartas”.
A JB diz que tudo não passa de “mau perder” e que “a única culpa de toda esta situação é da Assembleia da República e não da população de Tamengos”. A terminar, não deixaria de referir que “o país se constrói com gente séria, de trabalho e não com garotices, pressões e chantagens”.
Catarina Cerca