A Câmara da Mealhada é a autarquia menos endividada do país, acusando um registo de menos de um euro por munícipe. As contas são do Portal da Transparência Municipal e, segundo o presidente da Câmara, Rui Marqueiro, os números ainda estão abaixo dos apresentados. Confrontado com os resultados, o autarca não nega a satisfação por ver o município liderar este ranking mas equaciona, no futuro, alterar os números ao ter que recorrer à banca para obras do município que possam não ser contempladas no próximo quadro comunitário de apoio.
Estes dados da responsabilidade do Governo, relativos a 2013, dão conta que, em média, o município da Mealhada deve um euro por cada habitante, à semelhança de Penedono, numa lista que é liderada por Fornos de Algodres (6627 euros em dívida camarária, por pessoa).
Sobre o assunto, em declarações ao JB, Rui Marqueiro, que assumiu a presidência da Câmara a 15 de outubro do ano passado, explicou que os anteriores executivos, liderados pelo seu colega de partido, Carlos Cabral, “há muito tempo que mostravam esta estratégia de desaceleração de dívidas, chegando a dezembro passado com uma dívida de cerca de 1,5 milhões de euros. Como havia dinheiro na tesouraria, mandámos pagar aquela importância”.
“Há muitos anos que podíamos ter liquidado este passivo mas o executivo anterior não o fez por questões de estratégia, talvez antecipando custos com juros mas agora a economia mudou e a visão é outra e não há receios a esse nível, numa altura em que é fácil contrair empréstimos quase sem spread”, disse Marqueiro.
O presidente da Câmara, que assegura não ser defensor do endividamento das autarquias, recorda que, quando exerceu anteriormente estas funções, “nunca foi necessária uma estratégia de endividamento sem cabeça, e nunca pedi dinheiro para despesas correntes“. “Hoje, o município tem uma situação mais equilibrada e, se algum dia for necessário pedir dinheiro à banca, será para investimentos, para obras importantes para o concelho, nos próximos anos”.
Abrindo a possibilidade da autarquia ter de recorrer a empréstimos para financiar algumas obras, Rui Marqueiro confessou que, “se não houver apoio financeiro para determinadas obras, podemos ter que recorrer à banca. Temos que aproveitar oportunidades, assumo isso, e no caso concreto do novo edifício municipal, não abro mão desse investimento”, disse, deixando também a convição de que outro dos investimentos nesta situação será a intervenção a fazer na área das antigas instalações do IVV.
Esta base de dados sobre as dívidas dos municípios está disponível no Portal da Transparência Municipal (www.portalmunicipal.pt) e mostra que os dez concelhos mais endividados do país têm dívidas de 1,8 mil milhões de euros, 26% do total dos 308 municípios (sete mil milhões de euros).
João Paulo Teles