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Opinião

Que valores estamos a transmitir aos nossos jovens? (Editorial 13/04/2017)

Oriana Pataco, Diretora JB

É um tema recorrente e que abordo com muito maior frequência do que seria desejável neste espaço editorial. É cada vez mais notória a ausência de valores morais, éticos, sentido de estar e de responsabilidade nos nossos jovens. Visíveis em dois assuntos amplamente difundidos na comunicação social esta semana: o caso dos jovens em viagem de finalistas, expulsos de Espanha; e a apreensão de armas nas escolas.

Há jovens cuja primeira saída do país, às vezes até do seu distrito, é precisamente esta viagem. Estamos a falar de uma média de idades de 17/18 anos, ou seja, alguns são menores. É natural que haja excessos – na diversão, na bebida, no barulho. Mas, pergunto, se houver uma correta transmissão de valores aos jovens, no seio da família e também na escola – que tem de assumir o seu papel educativo! -, teremos excessos a esta escala? Os pais têm-se demitido do seu papel de educadores, têm falhado no diálogo e até no exemplo. Mas mesmo nos locais para onde estes jovens vão, há regras que não estão a ser cumpridas. Exemplo: menores com bracelete identificativa, a quem não é dado travão no bar, aliás, isso até fazia parte do pacote promocional da viagem!

Os atos de vandalismo, associados à violência são outra questão preocupante. No ano passado, foram apreendidas 17 armas (brancas e de fogo) a alunos, dentro das escolas. Há dois anos, foram 24; há três, 14. Os Agrupamentos de escolas queixam-se que faltam psicólogos, assistentes sociais e operacionais para uma eficaz ação preventiva. E as agressões entre pares (alunos) vão aumentando, assim como vão surgindo mais casos de agressões a professores e funcionários. E ser docente assume-se cada vez mais como profissão de risco, num país onde o Professor já foi visto quase como uma figura de autoridade.

Repreender, castigar, suspender, expulsar, transferir os alunos não parece resultar. Porque falta a tal ação preventiva. Ainda assim, este tipo de ações deve ser punido com um grau de tolerância zero, tal como deve acontecer em relação às praxes académicas que ultrapassam limites de razoabilidade ou à violência praticada nos campos de futebol, principalmente quando envolvem camadas jovens.

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