Num ano de pouca chuva, com as temperaturas a atingirem máximos históricos, prolongando o tempo seco e quente até às portas de novembro, o país ficou a braços com uma situação de seca extrema em 96% do território nacional.
Por entre o mar de preocupações do Governo e de autarcas do país, a Bairrada vive uma aparente acalmia. A situação preocupa os nossos dirigentes autárquicos, é certo, que vão tomando medidas pontuais, mas garantem que ainda há reservas e planos B se a situação não se alterar.
Perante aquele cenário nacional, apesar do clima menos negativo da Bairrada, o JB foi procurar respostas e soluções para esta grave seca, despoletada por um inverno com pouca chuva e por todo um ano de precipitação muito baixa.
Carlos Borrego, diretor do Departamento de Ambiente da Universidade de Aveiro e antigo ministro do Ambiente e Ordenamento do Território, destaca o facto de termos um ano onde choveu apenas 30% do valor normal e com um mês de outubro que foi o mais quente dos últimos 87 anos, ou seja, “desde que há registos (1931), com um valor de temperatura média do ar cerca de 3°C acima do valor normal”.
Considerando que esta situação “deixou já de ser exceção e tornou-se quase normal”, o catedrático destacou os valores elevados de seca severa e extrema do país, valores que atingiram a 15 de novembro os de 6% e os 94%, respetivamente.
O problema – continuou aquele responsável – é que aqueles fenómenos são naturais e sempre ocorreram mas “a sua intensidade e frequência é que aumentou, estão a ser ‘acelerados’. Esta característica atual é que está associada aos efeitos das alterações climáticas induzidas pela humanidade”. Ou seja, “ao longo dos últimos 150 anos (desde a revolução industrial) as emissões para a atmosfera dos gases com efeito de estufa, precursores das alterações climáticas, têm sempre aumentado. Portanto, as alterações climáticas estão na origem de tudo isto”, concluiu.