O grupo de teatro “O Baluarte”, de Amoreira da Gândara, Anadia, vai levar à cena, no dia 24 de abril, pelas 21h30, no Cineteatro Anadia, a peça “Um Visto para a Vida”, sobre a vida do cônsul português Aristides de Sousa Mendes. O evento está inserido nas comemorações do 44.º aniversário do 25 de Abril.
Foi em 19 de julho de 1885 que, em Cabanas de Viriato, no concelho de Carregal do Sal, veio ao mundo Aristides de Sousa Mendes, alguns minutos depois de César, seu irmão gémeo. Em 1907, ambos concluíram a licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra, e, nesse mesmo ano, Aristides casou com Maria Angelina Coelho de Sousa, sua prima e namorada de infância, de quem teve catorze filhos. No ano seguinte, e já em Lisboa, os dois irmãos enveredaram pela carreira diplomática. Aristides viria a exercer funções consulares em Zanzibar, Brasil, Estados Unidos da América, Espanha, Bélgica e França, sempre acompanhado pela família.
A 1 de setembro de 1939, a Alemanha invadia a Polónia, e iniciava-se a II Grande Guerra. Entre novembro desse ano e junho de 1940, Aristides de Sousa Mendes emite, em Bordéus, milhares de vistos consulares a cidadãos judeus russos, polacos, checos, luxemburgueses, belgas e espanhóis, permitindo, assim, que muitos milhares (fala-se em 30 mil) escapassem a uma morte certa. Mas, em junho de 1940, surgem os primeiros processos disciplinares contra o cônsul, situação que o leva ao desespero, perante a sua incapacidade de garantir o sustento dos filhos por lhe ser negado trabalho.
Em 1948, morre a sua esposa Angelina, e Aristides de Sousa Mendes casa com Andrée Cibial, de quem já tinha uma filha. A penúria e a escassez de meios são tão grandes que as portas da casa servem para acender a lareira da cozinha. Os filhos emigram. Aristides de Sousa Mendes morre a 3 de abril de 1954, no Hospital da Ordem Terceira de S. Francisco, acompanhado por uma sobrinha. O seu corpo desce à terra envergando roupas franciscanas, porque não possuía outras. Dois dias após a sua morte, o seu irmão César recebe uma carta de Salazar com uma só palavra: “Condolências”.
Os bilhetes para este espetáculo são gratuitos, devendo ser levantados no Cineteatro Anadia às sextas-feiras e sábados, das 20h às 23h, e no dia do espetáculo, a partir das 14h. A bilheteira estará igualmente aberta nos dias 8 e 15 de abril, entre as 14h e as 16h.