Por: António Granjeia
Já escrevi sobre este tema da Venezuela diversas vezes e é óbvio que tenho uma posição clara sobre este assunto. Detesto ditadores de meia tigela com a mania que são grandes homens e estadistas proeminentes. Dependem quase sempre de um exército de psicopatas que os seguem até ao fim do mundo e de militares que renunciaram à condição de honra que os fez servir o povo por um prato de lentilhas como mercenários. Exemplos destes não faltam no mundo e em particular na América Latina, onde deixam sempre um rasto de destruição e mortes, nem importando saber se foram à direita ou à esquerda.
O que falta muitas vezes aos políticos que dirigem a diplomacia mundial é assumirem posições claras e deixarem-se de medos e calculismos. A incapacidade de decisão arrasta medidas no tempo que prejudicam povos e milhões de pessoas com o fito de tentarem ganhar economicamente no final das crises. Infelizmente, já vivi o suficiente para pensar que a diplomacia vai alguma vez mudar. O comportamento dos dirigentes é semelhante em todas as épocas e talvez por isso os hoje americanos, que sempre trataram a América Latina como o seu quintal dos fundos, ainda pensam que bastam uns berros mais grossos e põem tudo na ordem. A China, porque agora se acha a nova potência imperialista mundial, pensa que lá por ter muito dinheiro para colocar em cima dos problemas, tudo acaba por vencer. A Rússia, que vive sobretudo da nostalgia czarista de Putin e dos restos bafientos do militarismo soviético, acha que ainda tem poder de influenciar decisões do outro lado do seu cada vez mais pequeno mundo. O poder russo advém sobretudo do medo do Putin se tornar num outro Estaline. Depois temos uma comunidade europeia, cujo maior desafio é sempre primeiro concertar uma posição entre si e que deixa sempre no final que cada um comunique as decisões como se mandassem sozinhos. Vimos o PM espanhol dar lições de democracia, o MNE português continuar medroso, etc. Depois ainda temos países (Turquia) que apoiam Maduro porque fica bem estarem ao lado da Rússia e aqueles que apoiam Juan Guaidó porque fica bem, estar ao lado de Trump (Brasil).
E quem está ao lado do sofrimento incalculável dos venezuelanos?
O regime de Maduro é tão mau que apenas merece o único fim possível: cair e o homem e a sua comandita serem presos e julgados. A situação na Venezuela é simples; qualquer regime é melhor do que a ditadura do Maduro.
Portugal já deveria ter aberto uma linha direta de repatriamento para quem quisesse fugir do inferno em que o socialismo do século XXI transformou a Venezuela. Nem interessa quantos e quais palermas cá defenderam a nova coqueluche da esquerda mundial ou quantos seguidistas ainda têm em Portugal ou na Europa.