A Associação Comercial e Industrial da Bairrada (ACIB) faz um balanço positivo dos dez anos de atividade do Gabinete de Inserção Profissional (GIP) de Anadia. Este “serviço de proximidade” é útil ao cidadão que procura trabalho e à entidade empregadora que quer contratar.
Passam dez minutos das nove da manhã quando Marta (nome fictício), entra cabisbaixa no Gabinete de Inserção Profissional de Anadia. Patrícia Rodrigues, a técnica de serviço, recebe-a. Marta está desempregada há dois meses, tem 32 anos, é solteira, mora em Anadia e está “desesperadamente à procura de emprego”. A técnica faz perguntas e anota respostas para traçar o perfil da desempregada, que completou o 12.º ano, domina três línguas e tem experiência profissional em ambiente fabril, na restauração e na agricultura. O caminho percorrido, dentro e fora de Portugal, tem altos e baixos, mais baixos que altos. Desta vez, explica, aceita “qualquer coisa” mas não pode ir muito longe: tem o carro na oficina e falta dinheiro para o ir buscar. Patrícia Rodrigues aconselha-a a fazer um telefonema para marcar uma entrevista: “estou sem saldo no telemóvel”, diz Marta, envergonhada. O contacto é feito através do telefone do GIP, prontamente disponibilizado, e a entrevista fica agendada para o dia seguinte. “Já valeu a pena ter vindo cá”, desabafa Marta, à saída.
Cinco minutos depois, novo utente entra na sala. É um homem, bancário de profissão, 56 anos, em situação de pré-reforma. Manuel (nome fictício), procura emprego: “qualquer coisa serve”. Quer “ocupar o tempo”, manter-se “ativo” e aceita “o que houver”. A prestação mensal de pré-reforma é satisfatória. Insatisfatório é “estar em casa sem ocupação”. Nesta ida ao GIP, mostrou-se disponível para trabalhar com gesso, numa fábrica de louça sanitária, oito horas por dia, de segunda a sexta-feira.
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