O grupo GPS (Gestão de Participações Sociais, SGPS, SA), sediado em Pombal, fez chegar a única proposta para a compra da Escola Profissional Vasconcellos Lebre (EPVL), da Mealhada, no valor de 491 mil euros, à hasta pública realizada esta quarta-feira. Sabemos, no entanto, que outro concorrente terá tentado entrar no processo, sem sucesso, ameaçando impugnar o ato.
Depois da intenção de venda do capital da Escola ter sido aprovada em reunião de Câmara, como podemos ler aqui, o executivo avançou com a venda, apesar das reações contrárias da oposição. Na hasta pública esteve a proposta do conhecido grupo de colégios GPS, caíndo a intenção da D. Sancho Ensino Lda., de Gaia, que não avançou com qualquer proposta, alegando que a EPVL não tinha as contas de 2019 aprovadas, ameaçando por tal impugnar esta venda.
Nas primeiras reações a este processo, sabe-se que todas as forças políticas da oposição com representação na Assembleia já pediram a marcação de uma sessão extraordinária perante esta “decisão de enorme gravidade, tomada com uma pressa incompreensível e com contornos que estão longe de ser claros. A venda é uma decisão lesiva para a escola, para a comunidade escolar, para o município e para a região, não se compreendendo que, em sentido contrário, ainda há pouco tempo a mesma maioria do PS na câmara tenha decidido a compra de todas as quotas da instituição”, por ler-se no documento.
No final da hasta pública desta quarta-feira outras reações não se fizeram esperar, com a coligação Juntos Pelo Concelho da Mealhada (JPCM), que votou contra neste negócio, a referir que a venda da EPVL “branqueia um buraco financeiro da gestão recente da instituição e revela uma opção política de desprezo pela construção municipal deste projecto com quase 30 anos de empenho do sector municipal e de alguns privados locais que apoiaram este projecto”. E aponta, na declaração de voto dada a conhecer depois deste ato que decorreru no Cineteatro Messias, que “politicamente e em reunião de Câmara, já tinhamos sido contra a alienação do capital da Escola Profissional da Mealhada Lda e reforça-se agora na análise ao cumprimento dos pressupostos de validação da entidade promitente compradora”.
Posição contra já foi dada a conhecer também pelas estruturas locais e distritais do Bloco de Esquerda, apontando que “o dia 13 de maio de 2020 ficará na história da Escola Profissional Vasconcellos Lebre (EPVL), mas pelos maus motivos”, e acusa Rui Marqueiro de “entregar a escola, a troco de 491.000 euros, ao grupo GPS. Conhecemos bem este grupo de colégios privados, com ligações ao PS mas também ao PSD, que só entre 2013 a 2016, foi o grupo privado que recebeu mais subsídios do estado e cujos administradores, à cabeça, António Calvete, estiveram envolvidos em sucessivos processos de corrupção, falsificação de documentos e burla qualificada, com acusações do próprio Ministério Público”.
“Em seis meses, a EPVL passou de ‘menina dos olhos’ do autarca a um grande fardo; um fardo financeiro. Nos últimos dias, o presidente da Câmara tem-se desdobrado a tentar explicar o que não tem explicação nem fundamento, dizendo que ficou sem os apoios desejados da Segurança Social e do POCH, e como tal, não tem condições financeiras para manter a escola na sua alçada. Marqueiro está a esconder o jogo, pois o financiamento de que se queixa ser agora insuficiente, é o mesmo que está consignado na lei há muito tempo. Se há seis meses não a leu com atenção, isso revela duas coisas: impreparação e incompetência”, aponta o comunicado do BE.
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