Numa altura em que a vacinação é tida como uma importante arma na prevenção da gripe pela circulação conjunta do novo coronavírus, Pedro Nelson Almeida, diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Baixo Vouga, fala-nos do complexo processo da Campanha de Vacinação em curso e rejeita que exista uma procura superior à oferta.
O responsável máximo do ACeS fala ainda da pressão assistencial a que os centros de saúde estão sujeitos e das mudanças ao nível da forma como os cuidados de saúde passaram a ser prestados com a chegada da pandemia.
Jornal da Bairrada: A procura por vacinas da gripe está a revelar-se maior do que a oferta. O que se passa em concreto na área do ACeS Baixo Vouga?
Pedro Almeida: Não creio que se possa afirmar que se regista uma procura superior à oferta pela administração da vacina de gripe – ainda é muito cedo para se retirar uma eventual conclusão que não se vislumbra venha a concretizar-se.
Temos de ter em atenção os seguintes fatores:
A campanha da vacinação da gripe ainda não terminou e o mês de novembro costuma ser habitualmente um mês forte de vacinação; o pico máximo da eficácia da vacina da gripe surge pelo quadragésimo dia após a sua administração pelo que, se um cidadão desejar ter a sua imunidade reforçada no mês de janeiro, que é um mês muito propício para as infeções respiratórias face às baixas temperaturas que se registam naturalmente naquele mês, é de todo aconselhável a vacinação no decurso do mês de novembro;
A campanha de vacinação da gripe realiza-se por fases tendo-se dado prioridade no mês de outubro aos cidadãos de maior risco de infeção e de sujeição a problemas de saúde associados a um estado gripal e ainda temos todo o mês de novembro para continuar a vacinar uma franja da população que deseje adiar este processo para este mês;
Deve-se atentar à própria capacidade de produção da indústria farmacêutica e da nossa capacidade de stockagem de vacinas em ambiente frio pelo que é de todo aconselhável que o fornecimento de vacinas da gripe às farmácias e aos centros de saúde se faça faseada e progressivamente para garantir a segurança destes processos de gestão;
Fruto da condição sanitária do país, deveremos sempre reduzir a realização de eventos que possibilite ajuntamentos desnecessários da nossa população pelo que, igualmente, o processo de vacinação deve ser feito de forma planeada e prolongada ao longo dos meses críticos de vacinação que são outubro e novembro.
É ainda muito precoce tirarmos conclusões sobre uma Campanha de Vacinação muito importante para a população da região que se encontra ainda em curso.
Leia a entrevista completa na edição de 5 de novembro de 2020 do Jornal da Bairrada