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Águeda // Sociedade  

Covid-19: Enfermeiros denunciam alegada vacinação indevida em Águeda

Ordem dos Enfermeiros denuncia que várias pessoas foram vacinadas indevidamente, entre elas um padre, numa instituição do concelho.

LUSA

A secção regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros denunciou esta segunda-feira que várias pessoas, incluindo um padre, foram vacinados indevidamente contra a Covid-19 numa instituição de Valongo do Vouga, Concelho de Águeda.

Em declarações à Lusa, o pároco em questão, João Paulo Sarabando Marques, assume ter recebido a vacina por indicação da Fundação da Nossa Senhora da Conceição, que gere dois dos lares a que presta assistência religiosa.

“Disseram-me que eu, para continuar a lá ir, tinha de ser vacinado para que não houvesse o risco de eu trazer o vírus de fora”, declarou, sublinhando que os lares em questão, um em Valongo do Vouga e o outro em Macinhata do Vouga, “nem sequer são da paróquia”, afirmou.

O comunicado da Ordem dos Enfermeiros reporta-se a “uma mensagem, partilhada através das redes sociais da secção regional do Centro, que relata que o padre da freguesia, familiares das enfermeiras que administraram a vacina e outros funcionários da instituição (que não lidam diretamente com utentes ou infetados com Covid-19) terão recebido doses da vacina contra a covid-19”.

Isto, “enquanto os próprios bombeiros de Águeda, e enfermeiros do Hospital do Baixo Vouga e auxiliares ainda não foram imunizados”.

O sacerdote, que assume ter tomado a vacina, esclarece que não foi por sua iniciativa e que lhe foi justificado para proteger os idosos que visita, para estar com eles, confessar os que o pretendem e celebrar missa.

“Fui vacinado, mas penso que tudo foi legal e não fui vacinado pela porta do cavalo. Vieram-me trazer o papel para preencher a casa e foi o que fiz, pelo que não vejo nada de errado nisto”, diz.

Sobre o caso em concreto, a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), contactada pela Lusa, salvaguarda que, relativamente à identificação das pessoas a quem foi administrada a vacina, e ao abrigo do Regulamento Geral de Proteção de Dados, não lhe “compete divulgar dados médicos sobre a inoculação ou não dos visados”.

A ARS do Centro esclareceu que “a elaboração das listas de vacinação são da responsabilidade dos lares e IPSS identificadas pela Segurança Social, de acordo com os critérios estabelecidos pela Direção Geral de Saúde”.

“A Segurança Social fornece à Administração Regional de Saúde do Centro a listagem de lares com o número de utentes e profissionais a vacinar”, diz.

Por outro lado, acrescenta, “a administração das vacinas junto dos profissionais e utentes, por parte dos profissionais destacados para o efeito, é realizada dos lares e unidades de cuidados continuados, não competindo à Administração Regional de Saúde, nem aos profissionais que as administram, questionar se se tratam ou não de utentes e profissionais afetos à instituição

No esclarecimento enviado à Lusa, aquela entidade salienta que “se encontra a decorrer uma auditoria ao processo de vacinação e que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde encontra-se a monitorizar o cumprimento do plano de vacinação contra a covid-19”.

A Lusa tentou, sem sucesso, contactar a direção da Fundação de Nossa Senhora da Conceição”, de Valongo do Vouga, Águeda.