Está patente ao público na Biblioteca Municipal de Cantanhede, até ao próximo dia 9 de abril, a exposição Hansen Stories – Memórias inéditas sobre uma doença e um hospital. Promovida pelo Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais, a mostra é constituída por quinze painéis informativos e remete os visitantes para um conjunto de memórias, contadas na primeira pessoa, que compartilharam o mesmo espaço – o Hospital Colónia Rovisco Pais (Tocha – Cantanhede), última e única Leprosaria Nacional, especializada no tratamento da doença de Hansen (1947 e 1996).
Integrada no projeto “Rovisco Pais old leprosy – a museological nucleus and storytelling website” desenvolvido no Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais e apoiado pela Sasakawa Health Foundation, a exposição resulta de uma seleção de “stories” de ex-utentes e ex-funcionários ou visitantes do antigo Hospital que integram a coleção reunida no website com o mesmo nome e que apresentam como característica comum o facto de serem inéditas.
Através da Hansen Stories – Memórias inéditas sobre uma doença e um hospital é possível conhecer testemunhos de pessoas que trabalharam e viveram nesta Instituição hospitalar, projeto que surgiu com o patrocínio da Sasakawa Health Foundation, a curadoria da CulturAge, numa parceira com o designer de Rui Veríssimo.
A Fundação Sasakawa, patrocinadora da mostra, é uma organização sem fins lucrativos e objetivos filantrópicos, criada em 1981 por Yohei Sasakawa, presidente da Fundação Nippon. Esta fundação japonesa dedica-se a apoiar causas humanitárias, em todo o mundo, sendo uma das principais a eliminação da doença de Hansen e o preconceito que está associado à doença.
O Hospital-Colónia Rovisco Pais foi inaugurado a 7 de setembro de 1947, com vista ao tratamento, estudo e profilaxia da lepra. Também denominada Leprosaria Nacional, a instituição foi concebida para colmatar uma lacuna estrutural no tratamento, profilaxia e estudo da lepra.
Edificado na vila da Tocha, concelho de Cantanhede, numa propriedade agrícola com cerca de 140 hectares, o Hospital-Colónia permitia a lotação de mil hansenianos. O projeto arquitetónico coube ao arquiteto Carlos Ramos (1897-1969), um dos mais destacados arquitetos portugueses da época no domínio hospitalar.
Fernando Bissaya Barreto, médico cirurgião e filantropo (1886-1974) esteve intimamente ligado à criação do Hospital-Colónia, instituindo no mesmo um modelo profilático e terapêutico da leprologia moderna.