É raro o dia em que Elisa Lopes e José Ferreira não visitam a sua horta. Foram dos primeiros a usufruir de um talhão nas Hortas Comunitárias de Cantanhede. “É uma terapia espetacular e uma motivação para darmos uma caminhadazita”, admite Elisa Lopes, enquanto apanha umas ervas e separa umas folhas de couve para a sopa do almoço. “Um dos maiores orgulhos da minha esposa é dividir o que vai plantando com a família, amigos e vizinhos.” “Estou farta de dar cebolas”, exclama de imediato Elisa Lopes.
A uns metros dali, José e Maria Teresa Luís mostram, orgulhosos, o seu pedaço de terra, devidamente dividido. “Temos de tudo um pouco, desde as ervas aromáticas, aos produtos hortícolas, à fruta – melancias, meloas, morangos, mirtilos… – e até flores”, indica Maria Teresa. “Isto é uma maravilha! Vimos cá todos os dias, há sempre coisas para fazer e é uma maneira de sairmos de casa”, vão dizendo, enquanto exibem os seus pés de feijão e a técnica inovadora, feita com estacas de madeira e fio esticado atado a uma pedra, que até já tem seguidores.
A procura aumentou durante a pandemia e, neste momento, os 32 talhões das Hortas Comunitárias de Cantanhede estão todos ocupados. O projeto, tripartido entre a Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede, a Câmara Municipal e a INOVA EM, nasceu em 2012. Desde então, foram surgindo interessados, entre reformados, famílias sem terreno para cultivo e até a Escola Técnico-Profissional, que aproveitou um talhão para o seu projeto “Desenvolvimento Sustentável – Horta Pedagógica”, no âmbito da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.
Esta reportagem faz parte do Especial “Da Terra à Mesa”, que pode ler na edição de 20 de maio de 2021 do JB