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Portugal subiu um lugar no Índice da Igualdade de Género para 15.º, tendo conquistado quatro lugares desde 2010, mas continuando abaixo da média da União Europeia, revela o Instituto Europeu para a Igualdade de Género.
Depois de ter alcançado o 16.º no ano passado, Portugal sobe agora para 15.º no Índice da Igualdade de Género 2021, uma iniciativa do Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE, na sigla em inglês) que avalia o estado da igualdade de género na União Europeia e que hoje divulga os resultados para este ano.
No máximo de 100 pontos, Portugal conquistou 62.2 pontos, 5.8 pontos abaixo da média europeia, apesar de o país ter vindo sempre a melhorar desde 2010, ano que o EIGE começou a fazer este ranking, tendo conquistado mais 8.5 pontos e subido quatro lugares.
Na avaliação do EIGE, Portugal destaca-se na área da saúde, onde tem o melhor desempenho de todos os países e onde pontua 84.8 pontos.
“Esta performance deve-se sobretudo a uma pontuação elevada na subcategoria ‘acesso à saúde’ [95.8 pontos]. No entanto, Portugal consegue apenas um 19.º lugar entre os Estados-membros nesta subcategoria e a sua pontuação é três pontos abaixo da média europeia [98.2]”, lê-se no relatório.
Acrescenta que “são necessários melhoramentos para aumentar o nível da saúde e os comportamentos saudáveis de homens e mulheres”.
O foco do relatório deste ano é, aliás, a saúde e as desigualdades de género no acesso à saúde, tendo sido analisados cinco itens, entre “nível da saúde e saúde mental”, “comportamentos saudáveis”, “acesso a serviços de saúde”, “saúde sexual e reprodutiva” e “a pandemia covid-19”.
Por outro lado, o índice avalia também outras cinco áreas, entre “trabalho”, “dinheiro”, “conhecimento”, “uso do tempo” e “poder”, sendo o pior desempenho de Portugal precisamente nos usos e partilhas do tempo, na qual consegue apenas 47.5 pontos, bem abaixo dos 61 pontos da média da União Europeia.
Esta baixa pontuação deveu-se sobretudo às atividades sociais, em que Portugal conseguiu 35.7 pontos, tendo o EIGE constatado que só 10% das mulheres com mais de 15 anos praticam atividades desportivas, culturais ou de lazer, contra 20% dos homens, ou que, por exemplo, 78% das mulheres com mais de 18 anos cozinham ou fazem tarefas domésticas todos os dias, contra 19% dos homens.
É na partilha e no uso do tempo que o EIGE entende que as desigualdades de género são mais acentuadas e onde há mais margem para melhorar em Portugal e salienta que, apesar das melhorias feitas desde 2010, “as pontuações permanecem especialmente baixas nas atividades sociais”, sublinhando que os 35.7 pontos dão a Portugal o segundo lugar mais baixo entre os 27 países da União Europeia.
Onde Portugal melhorou mais desde 2010 foi na área do “poder”, tendo somado mais 18.7 pontos nestes 11 anos até alcançar os 53.6 pontos no ranking de 2021, apesar de isso só se ter refletido na conquista de mais um degrau, para 11.º lugar.
“Esta mudança é devida às melhorias consideráveis nas subcategorias da política e da economia desde 2010 (mais 20.7 pontos e 27.5 pontos, respetivamente)”, refere o EIGE.
Por outro lado, na categoria onde Portugal registou o menor progresso, foi na categoria “dinheiro”, tendo, aliás, caído dois lugares desde 2018 e estando agora 8.8 pontos abaixo da média europeia, em 21.º lugar.
De acordo com o EIGE, “a evolução estagnou na subcategoria dos recursos financeiros, onde a classificação de Portugal caiu da 18.ª para a 19.ª posição”.
Na categoria do “conhecimento”, Portugal consegue 65.5 pontos, com os 62.7 da média europeia.
A categoria do “trabalho” é a única onde Portugal está acima da média europeia, tendo conseguido um total de 73.2 pontos, acima dos 71.6 da média dos 27.
Em relação a Portugal, o EIGE aproveita também para destacar que o fosso de género no emprego continua por resolver, que as mulheres, particularmente as mais velhas e as que vivem sozinhas, ganham menos do que os homens, a segregação de género na educação continua alta e que as mulheres continuam a ser sobrecarregadas com trabalho doméstico ou de cuidado.
Salienta, por outro lado, que aumentou o número de mulheres em cargos de decisão política, enquanto a esfera económica continua a ser a menos igualitária, acrescentando que as mulheres têm pior saúde, sem melhorias nos últimos tempos.