Estão, neste momento, resolvidos os problemas na qualidade da água da rede de abastecimento público do Município de Anadia. A presidente da Câmara confirmou ao JB que “ao dia de hoje, a situação está normalizada”. Teresa Cardoso afiançou que, na passada terça-feira, os resultados laboratoriais já davam indicadores mais positivos, sendo que ontem voltaram a ser feitos testes cujos resultados vão no mesmo sentido, levando a autarca a acreditar que “hoje a situação já estará sanada – para além dos resultados analíticos, que fazemos diariamente e indicam o mesmo”. Para o início da próxima semana, estão previstas novas análises e a Câmara Municipal divulgará um novo comunicado, “para tranquilizar a população”.
Este fim de semana, haverá trabalhadores da Câmara de piquete a reforçar o controlo do tratamento, “porque há mais consumo nestes dias e queremos estar preparados”. Ainda assim, reforça Teresa Cardoso, “as pessoas devem tomar as devidas precauções, não apenas relacionadas com a água da rede, mas até com a água das fontes, uma vez que os níveis freáticos estão em baixo”.
Recorde-se que a autarquia foi forçada a emitir um comunicado, no seu site e página do Facebook (e divulgado também pelas Juntas de Freguesia) na passada terça-feira, após serem reportadas várias queixas de munícipes sobre a qualidade da água da rede, que se verificava acastanhada e com mau cheiro.
Mariana Andrade, residente em Grada (VN Monsarros) confirmou ao JB que “no dia 11 de agosto, a água estava castanha e, nesse fim de semana, senti-me indisposta, com náuseas e diarreia”, lamentando que “o alerta não tenha sido dado mais cedo, uma vez que se trata de uma questão de saúde pública”. Também Ana Maria Soares, que mora na Av. 25 de Abril, na cidade de Anadia, manifestou notar “há cerca de uma semana um cheiro horrível na água, a esgoto”, tendo ficado doente “desde quinta-feira [18 de agosto], com febre, enjoos, dores abdominais e sem tolerar alimentos”, tendo sido diagnosticada virose gastrointestinal.
Há munícipes que afirmam ter avisado a Câmara, e alguns até se insurgiram (nas redes sociais) pela ausência de resposta, que só surgiu com o comunicado desta terça-feira. Teresa Cardoso confirma terem sido recebidas queixas na autarquia, há cerca de duas semanas, mas que nem sempre é possível dar uma resposta imediata. “A autarquia faz análises diárias à água, a delegada de saúde faz análises pontuais, e temos um laboratório acreditado que, todas as semanas, faz análises em diversos pontos da rede.” A edil explicou ao JB que, “quando surge uma queixa, temos de perceber em que zona da rede e porquê, uma vez que à saída dos reservatórios não se constatava essa situação”. Foi, de imediato, reforçado o tratamento, “mas não foi suficiente, tivemos de reforçar ainda mais, assim como as análises foram efetuadas mais vezes, esta semana até foram três”. Foram feitas análises em diversos pontos da rede, em diferentes locais do concelho, “como Anadia, Outeiro, Espairo, etc., também tendo em conta as queixas da população, para perceber onde é que poderiam existir as situações anómalas”.
“As pessoas querem respostas imediatas, mas não o podemos fazer sem ter os resultados laboratoriais, que seguem para a delegada de saúde, e são também reportados à entidade reguladora, à ERSAR [Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos]. Porque uma coisa são os resultados analíticos e outra os bacteriológicos, que só o laboratório pode fazer, com os meios próprios”, esclarece Teresa Cardoso.
De acordo com esses resultados, “percebemos que existiam algumas bactérias que poderiam estar fora dos parâmetros normais. Reforçámos significativamente o tratamento, não só nos reservatórios como nos próprios furos de captação, à saída de captação da água”.
Situação de seca agrava o problema
Esta é uma situação que se verifica anualmente nesta altura do ano, mas devido à atual situação de seca, ter-se-á agravado. “Todos os anos isto acontece, os níveis freáticos baixam significativamente. Este ano, de facto, já baixaram bastante e há até municípios já sem água. No nosso caso, felizmente, continuamos a ser abastecidos com água do nosso nível freático, mas obriga-nos a uma captação a uma maior profundidade. É evidente que quanto mais para baixo se vai, mais situações anómalas se podem verificar”, constata.
O concelho de Anadia tem dois grandes sistemas de abastecimento de água: Anadia e Levira. “O de Anadia abastece Anadia, Aguim, Óis, Tamengos, Avelãs de Cima, Sangalhos; do lado do Levira, abastece Amoreira da Gândara, Levira, Vilarinho, etc.. O problema cinge-se ao sistema de Anadia, mas eu cheguei a ver comentários e queixas de pessoas que são abastecidas pelo sistema de Levira, que nada tem a ver com a situação”.
As populações mais afetadas foram as da União das Freguesias de Arcos e Mogofores, Sangalhos, Avelãs de Caminho, Avelãs de Cima, Moita e da União das Freguesias de Tamengos, Aguim e Óis do Bairro, e a localidade de Espairo. A Câmara aconselhou a população a adotar algumas medidas mitigadoras do risco, como por exemplo a desinfeção da água por fervura.
A autarquia, afirma a edil, tem vindo a tomar medidas num sentido de poupança de água, apelando a que também os munícipes tenham alguma contenção no consumo da água da rede, principalmente neste fim de semana, no que respeita, por exemplo, às regas dos jardins, dos pátios e outros.
Quanto às análises feitas pelo município, são habitualmente publicadas no site da autarquia, “sensivelmente uma vez por mês”, assegura a presidente Teresa Cardoso.