A guerra na Ucrânia colocou na agenda política a elevada dependência energética dos países da União Europeia relativamente aos combustíveis fósseis e em particular ao gás natural da Rússia. Vítor Santos dava, desta forma, o mote para a primeira Conferência de Outono, realizada no Cineteatro Anadia e organizada pelo Município, em parceria com a FNWay Consulting.
Na sexta-feira, dia 30 de setembro, cerca de uma centena de empresários ouviram, atentamente, o painel que, para além do moderador, Vítor Santos, contou com a presença de Luís Mira Amaral, Demétrio Alves e José Allen Lima.
A presidente da Câmara Municipal de Anadia, Maria Teresa Cardoso, deu as boas-vindas aos presentes, realçando a importância da iniciativa e do tema em debate. “Um tema muito atual, com forte impacto, tanto nas autarquias como nas famílias, face ao peso da fatura da energia”, afirmou.
Maria Teresa Cardoso sublinhou que a energia é uma das preocupações do Município. “Preocupam-nos as empresas, cujos processos de produção dependem, essencialmente da eletricidade e do gás, uma vez que são elas o motor da economia do concelho e do país e as principais empregadoras”, referiu, reforçando que “muitas famílias dependem efetivamente destes postos de trabalho”.
A presidente da Câmara manifestou ainda alguma apreensão relativamente às medidas que foram, recentemente, anunciadas pelo Governo para reduzir um pouco mais o consumo de energia e os apoios que poderão ser dados, considerando que “são ainda pequenas ou mesmo insuficientes e não beneficiam de todo as empresas”.
Antes ainda de se iniciar o debate com os oradores convidados, o CEO da FNWay, Paulo Ramos, deu a conhecer, de uma forma geral, algumas formas de financiamento para desenvolver projetos de investimento e investigação na área da energia.
Alertas e reflexões
Seguiu-se a conferência, propriamente dita, com os oradores a analisarem e a refletirem a atual situação energética e o seu impacto na economia nacional e europeia, tendo realçado que a subida dos preços da energia já se vinha sentindo antes da Guerra na Ucrânia, devido à retoma económica pós-Covid, mas que este conflito veio exacerbar ainda mais, refletindo-se a mesma à escala mundial.
Mira Amaral começaria por frisar que “esta crise energética começou num contexto de descarbonização, muito antes da guerra na Ucrânia”, e que já em julho de 2021, o Conselho da Indústria e Energia da CIP (Confederação Empresarial de Portugal) alertava para a escalada do aumento dos preços da energia elétrica nos mercados grossistas europeus, designadamente no Mercado Ibérico da Eletricidade.
O ex-ministro da Indústria e Energia deixou claro que “não é possível, de um momento para o outro, acabar com as energias fósseis e ter um admirável mundo novo com o hidrogénio e as fontes renováveis intermitentes (eólica, fotovoltaica), pois estas nem sempre produzem e têm de ser compensadas por outras fontes de energia como, por exemplo, o gás natural”.
A próxima conferência terá lugar no dia 28 de outubro. Subordinada ao tema “Crescimento Económico e Produtividade”, terá como oradores convidados Miguel Frasquilho, Óscar Gaspar e Sandra Maximiano, e será moderada por Diana Ramos.
A 3.ª e última conferência realiza-se a 18 de novembro e será sobre “Economia Circular e Descarbonização”. Serão oradores Carlos Borrego, Paula Policarpo e Ana Maria Couras (moderador, Luís Mira Amaral).
A participação é gratuita, mas de inscrição obrigatória aqui
Leia a notícia completa na edição de 6 de outubro de 2022 do JB