É em Calvão, Vagos, que se situa um dos projetos mais marcantes do ateliê de arquitetura Frari, a Casa 109. Uma casa com 700 m2, que se destaca pela sua forma curva. A arquiteta Maria Fradinho confessa o seu “choque” inicial, quando desafiada para um projeto num terreno que “não era assim tao generoso” e que confronta com a N109, uma estrada nacional com tráfego intenso.
A estratégia foi desde logo inverter o tradicional, ou seja, a frente não estar virada para o arruamento principal. Com uma série de dificuldades adicionais, chegou-se à forma curva, que permitia uma distância aceitável para um logradouro, com orientação solar para sul. “Obrigou-nos a criar uma grande pala, para permitir o ensombramento e proteger o grande envidraçado”, constata a arquiteta.
Os clientes, “pessoas viajadas, mostravam-nos hotéis, queriam sentir que aproveitavam ao máximo os espaços, que tiravam o maior partido das paisagens e da relação interior-exterior, de forma a que, cada momento passado em casa, fosse usufruído como se estivessem de férias”.
O feedback tem sido “muito positivo”, quer dentro da classe, com artigos em várias publicações, inclusive internacionais, quer por parte de potenciais clientes. Mas, acima de tudo, “ficamos orgulhosos por sabermos que a casa agrada aos proprietários”.
Arquiteta por paixão, “sem legado familiar”, Maria Fradinho revela que ter vivido fora do país – Erasmus em Valência e estágio à Ordem em Amsterdão – lhe permitiu adquirir conhecimentos “fora do que é a linha da escola do Porto” (onde estudou), o que se “reflete bastante no meu trabalho, nomeadamente a relação com a paisagem, que tento sempre privilegiar nos meus projetos”.
Diz-se “muito curiosa”, o que a ajuda na profissão que abraçou, e atenta às necessidades do ser humano, porque considera que “a arquitetura condiciona o modo de vida das pessoas”.
Maria Fradinho tem conquistado o reconhecimento da classe, e vê o sucesso tomar forma, quer através de publicações nacionais e internacionais, quer através de prémios. Porém, não há nada que a satisfaça mais “do que saber que contribuo para a felicidade dos utentes dos edifícios que desenho. Isso sim, é o que me motiva, que a arquitetura seja o palco para uma vida mais facilitadora e mais feliz.”
Leia a entrevista completa no Suplemento Habitação 2023 do Jornal da Bairrada