Com mais de 30 anos de carreira, Miguel Ângelo vai pisar o palco do Cineteatro Anadia, nos Concertos de Primavera, no próximo sábado, dia 15 de abril, às 21h. Em entrevista ao Jornal da Bairrada, deixa-nos umas pinceladas da viagem pela música nestas três décadas e a inovação, que marcam uma vida musical que deixa notas de um futuro em aberto.
Que Miguel Angelo é aquele que vamos ter o privilégio de ver e ouvir em Anadia?
Será uma viagem, não cronológica, por várias canções da minha carreira, com incidência naquelas dos Delfins que resistiram ao tempo e nalgumas da minha carreira a solo, que já completou 10 anos. Será um formato mais intimista, em trio, onde a conversa e as histórias terão certamente o seu lugar, apelando à interação do público.
Como foram estes 30 anos (com Delfins pelo meio)?
Aqui sim, podemos usar o termo “viagem” com todo o seu significado! Não só viajei por mais de vinte países para fazer espetáculos, graças à extensão e espalhamento das comunidades portuguesas e lusófonas, como tem sido uma viagem de sonho de uma vida profissional dedicada exclusivamente à música, nas vertentes de autoria, composição e interpretação e suas ramificações, quer no campo das colaborações culturais como o teatro, o cinema e a literatura, quer no campo letivo. Muita coisa foi construída desde meados dos anos 80, erguida do chão e depois consolidada em meados dos anos 90. Hoje em dia os desafios são outros, com as “armas” com que a tecnologia digital atacou a indústria e simultaneamente pôs ao seu dispor para a construção e fruição de novos conteúdos.
O que ainda não fez mas quer fazer na música?
Fazer aquilo que é “novo”, o que quer que isso queira dizer. E isso é um desafio sem fim. Obriga a uma atualização de métodos, a um repensar naquilo que se quer dizer e depois ver a quem se chega. Na minha carreira isso foi sempre instintivo, nunca premeditando nada. Essa liberdade é, no meu entender, aquilo que distingue quem cria daquele que copia. Resumindo, aquilo que ainda não fiz na música é o que vou fazer amanhã.
Que podemos dizer aos fãs da Bairrada para este concerto?
Os fãs das Bairrada já me viram várias vezes, em diversos cenários, mas desta forma tão próxima e intimista, ainda não. E a vida continua, há sempre algo a acrescentar por quem está em estúdio e em palco como forma de vida, atento ao que acontece não só na música mas também na nossa vida atribulada. É isso que continuo a querer passar para quem está do outro lado – mas que poderia muito bem também estar (e está!) em palco comigo.
Entrevista completa na edição de 14 de abril de 2023