Por: Anaïs Santos
O talho Grupo C’s, em Antes, no concelho da Mealhada, conquistou, este mês, duas medalhas de ouro no Campeonato do Mundo dos Bifes (World Steak Challenge). A empresa, liderada por Cláudio Couceiro Cipriano, filho do fundador Angelino Pascoal Cipriano, concorreu nas duas melhores categorias do concurso, nomeadamente, os cortes “olho do lombo” (ribeye) e “miolo de lombinho” (fillet), recebendo, em ambas, a distinção máxima. “Fizemos xeque-mate; fomos com dois cortes e ganhámos, melhor era impossível”, confessou orgulhoso, ao JB, Cláudio Cipriano.
Estas distinções vêm somar-se à certificação associada à venda do Kobe Beef, carne proveniente da raça bovina japonesa Wagyu, onde o preço/kg pode chegar aos 400 euros, considerada “a melhor carne do mundo”, sendo o Grupo C’s o único talho, em Portugal, portador desta certificação.
Lançado em 2015 para permitir aos produtores mostrar a qualidade das suas carnes, neste concurso de grande dimensão, já foram avaliados, em Amesterdão, por 80 jurados, mais de 500 bifes, oriundos de todas as regiões do mundo, ainda que o Grupo C’s tenha sido a primeira empresa portuguesa a participar.
A carne escolhida para o concurso, organizado pela empresa promotora de eventos William Reed, era proveniente de uma raça autóctone portuguesa. “Era o que fazia mais sentido”, para mostrar o que “há de melhor em Portugal”. A escolha teve assim em conta os fatores, que, segundo Claúdio Cipriano, são essenciais a uma boa carne, nomeadamente, a genética, o bem-estar, a alimentação e a longevidade do animal, sendo que só se consegue tirar partido máximo do mesmo no seu final de vida, ou seja, entre os 10 e os 15 anos. “Nós procuramos sempre esses animais velhos porque é aí que encontramos o sabor”, afirmou o talhante.
Contudo, a história ainda não terminou pois, no próximo dia 13 de novembro, Cláudio Cipriano e a sua equipa estarão na cerimónia de entrega das medalhas, em Londres, onde ainda poderão atingir o auge, sendo candidatos a receber o prémio de “melhor bife do mundo”. “Vamos lá estar orgulhosos com uma bandeira de Portugal e outra da Antes”, declarou.
Atingir tão alto patamar foi uma surpresa
Para Claúdio Cipriano e seus colaboradores, a ideia de participar no World Steak Challenge esteve sempre presente. “Víamos esse concurso de perto pois muita carne que importamos é de colegas que costumam concorrer. Portanto, sempre dissemos ‘um dia também lá vamos, para ver se realmente somos tão bons como achamos que somos’”, revelou. Contudo, nunca imaginou alcançar um patamar tão alto: “Se estávamos lá é porque tínhamos expectativas, mas se ganhássemos uma medalha de bronze num dos cortes, já teria sido uma situação fantástica”, confessou.
Não deixa, por outro lado, de ser uma vitória pessoal para Cláudio Cipriano, que prometeu ao pai, antes de falecer, que o seu talho seria falado em todo o país. Mas, longe de pensar “que fôssemos receber duas medalhas de ouro numa competição internacional”, declarou. Ao JB, Cláudio Cipriano confessou ainda que não está nos seus planos participar no próximo ano. “Deixámos lá a nossa marca, fomos com dois cortes, ganhámos o ouro em ambos, não acho que tenha algum interesse para nós em termos de crescimento.”
Joao Lopes disse:
É sempre bonito ver a história de um filho que concretiza a promessa que fez ao pai, impossível ter sido de melhor forma!! Excelente artigo!