A Universidade de Aveiro acaba de esclarecer que ainda não foi tomada a decisão final por parte do Conselho de Administração da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), sobre o mestrado integrado de Medicina na Universidade de Aveiro. A UA recebeu, sim, para análise e pronúncia, o relatório preliminar da Comissão de Avaliação Externa (CAE) do Curso de Medicina e já se pronunciou, concordando com o seu teor. Agora, compete ao Conselho de Administração da A3ES a decisão final.
A Universidade de Aveiro emitiu um comunicado, esclarecendo a questão, depois de uma primeira comunicação que induziu em erro o Jornal da Bairrada e outros órgãos de comunicação.
A proposta em causa e que está em análise final envolve ensino na UA e orientação tutorial clínica em três Unidades Locais de Saúde (ULS): ULS Região de Aveiro, ULS Entre-Douro-e-Vouga e ULS Gaia/Espinho, no âmbito do Centro Académico Clínico Egas Moniz Health Alliance.
O relatório da Comissão de Avaliação Externa (CAE) afirma que “a missão, a visão e os objetivos do Mestrado Integrado em Medicina estão claramente definidos e assentam num programa moderno estruturado em torno de um currículo em espiral centrado no aluno”.
Mantém, também, que “o programa está alinhado com os resultados de aprendizagem pretendidos e é adequado à aquisição de competências exigidas para um médico”.
A CAE considera ainda que “a lista de tutores (já comprometidos) nos estágios de orientação tutorial clínica é impressionante”.
Quanto à investigação, a CAE considera que “o programa é apoiado pela evidência de múltiplos projetos e atividades de investigação ativa (nacionais e internacionais) em curso nas áreas das ciências médicas e clínicas na UA e no Centro Académico Clínico”.
Finalmente, a CAE considera também que “as infraestruturas físicas e os equipamentos disponíveis na UA são adequados para suportar as unidades curriculares.
Recordamos aqui o que disse o Reitor da UA, Paulo Jorge Ferreira, em entrevista a JB, em abril passado.
“A Saúde é uma área de grande importância estratégica para a Universidade de Aveiro”
Jornal da Bairrada: A Saúde continua a ter uma atenção especial para a UA?
Paulo Jorge Ferreira: Sim. A Saúde é uma área de grande importância estratégica para a Universidade de Aveiro, que já tem diversas valências nessa área. Uma das nossas caraterísticas é sermos uma entidade integradora dos dois subsistemas de ensino superior (Politécnico e Universitário). E na área da Saúde também é assim. Temos um Departamento de Ciências Médicas e outros departamentos na área da Saúde, nas Ciências da Vida. Temos uma Escola Superior de Saúde com valências politécnicas, que ministra várias especialidades. Para estas áreas temos ofertas formativas de primeiro nível, mestrado e doutoramento e agora as microcredenciais que estão disponíveis.
JB: Continua a faltar a tão desejada medicina…
PJF: Espero que não por muito tempo, porque temos uma candidatura na Agência de Acreditação, que cremos que tem todas as condições para ser aprovada e cuja qualidade parece ser indesmentível. Vamos ver agora se é aprovada e se a podemos lançar e quando. É nossa vontade e desígnio fazer isso. Não é um curso exatamente como os outros. Temos a vantagem sobre os outros de poder pensar com todos os benefícios da experiência diferente e das lições recentes.
JB: E o que pode trazer de diferente esse curso?
PJF: Tecnicamente há várias diferenças. Gostaria de destacar o papel fundamental dos hospitais – e disso a proposta não difere muito de outras – e a forma como o currículo está organizado. É uma vertente que olha para a saúde de uma maneira integrada e não desagregada por disciplinas. Aqui na UA percebe-se muito bem isso, porque nunca houve muros entre as disciplinas e áreas de conhecimento.
A proximidade institucional e territorial com o Hospital de Aveiro ajuda?
Sim. Mas também com o Hospital da Feira, de Gaia e eventualmente com outros enquanto parceiros, no país e no estrangeiro. Todos esses complementos à proposta foram pensados e foram importantes.
Apesar de historicamente ter havido sempre uma forte ligação da UA à região, não nos encaramos nem podemos ser uma universidade regional, por isso essa questão das parcerias nacionais e internacionais é sempre fundamental. Neste caso concreto da medicina, há parcerias internacionais com universidades de primeiro plano, como é o caso da Holanda, e é extremamente importante que assim seja. E isso é igualmente importante para a proposta que apresentamos.