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Vinhos

Evento inédito junta “vignerons” do país em defesa e valorização da genuinidade

Quinta das Bágeiras, na Fogueira, foi palco de evento inédito que juntou 16 “vignerons” do país. Encontro “Vigneron, As Nossas Uvas, Os Nossos Vinhos”, pretendeu dar visibilidade à classe profissional do vitivinicultor-engarrafador, valorizando os seus vinhos.

Foi num extraordinário ambiente de festa que o encontro “Vigneron, As Nossas Uvas, Os Nossos Vinhos”, trouxe à Quinta das Bágeiras, na Fogueira, cerca de duas centenas de entusiastas do vinho, no passado sábado, dia 22 de junho.
A adega de Mário Sérgio Nuno serviu de palco a um evento inédito que juntou 16 “vignerons” do país, em defesa e valorização da genuinidade dos seus vinhos e das suas uvas. Um evento bastante exclusivo e diferenciador, que pretendeu dar visibilidade a esta classe profissional do vitivinicultor-engarrafador, valorizando os seus vinhos. Por isso, Sérgio Nuno acredita que será possível retirar algo “das sinergias aqui criadas”, até porque esta ação resulta de “um sonho” que vem acalentando há vários anos, desde que sentiu que era preciso fazer algo para distinguir e comunicar melhor esta classe do vitivinicultor-engarrafador ou, melhor dizendo, do “vigneron”.


“Todos temos de fazer um bocadinho mais, uns pelos outros e por esta atividade, pois quanto mais promovermos as pessoas que estão connosco, mais nos promovemos a nós próprios também”, destacou.
A iniciativa, inserida nos 35 anos que a Quinta das Bágeiras está a comemorar durante 2024 [todos os meses acontece uma iniciativa diferente], fez-se à volta dos néctares produzidos pelos “verdadeiros vignerons”, ou seja daqueles que produzem vinhos, a partir, exclusivamente, das suas uvas”, como explicou o anfitrião, tendo o programa incluído ainda duas provas comentadas, uma de espumantes e brancos, outra de rosés e tintos, conduzidas pelo jornalista Luís Lopes.
Membro fundador dos Baga Friends e reconhecido pelos seus pares como um defensor de causas, com a capacidade rara de congregar e mobilizar, Mário Sérgio Nuno atesta estar “de alma e coração” nos Baga Friends, em defesa da Baga e da Bairrada, assim como está neste projeto, enquanto vitivinicultor-engarrafador: “É rigorosamente igual”, frisa.
Com a Quinta das Bágeiras a completar 35 anos, faz um balanço muito positivo do caminho trilhado “porque tive a felicidade de conseguir ainda trabalhar com os meus avós, com os meus pais – que ainda são presenças assíduas – e com eles conseguimos, juntos, ter uma empresa familiar onde é possível viver desta atividade”, frisou, destacando que com “muito trabalho, alguma sorte e ajuda de toda a família, temos crescido e conseguido implementar os nossos vinhos em Portugal e lá fora, de uma forma gradual e sustentada.”
Fazendo uma retrospetiva, admite que a notoriedade e o prestígio que os seus vinhos têm alcançado foi coisa que nunca lhe passou pela cabeça. “Via os outros, achava que podia chegar próximo mas, na altura, nunca pensei estar na posição em que estamos, neste momento”, explicou, sublinhando não existir qualquer segredo para o sucesso: “muito trabalho, audácia, determinação e humildade”, são a chave. De resto, estas características, sobretudo a última, espelham bem a personalidade de Mário Sérgio: ”não penso, nem de longe, nem de perto, que estou num patamar de excelência”, mas “quero dar ainda muito mais” já que, como vincou, “o sonho comanda a vida”, e o caminho faz-se agora no crescimento “da notoriedade”.


Nestas lides, o filho, Frederico, com formação superior em vitivinicultura e enologia, é o seu braço direito: “é uma alavanca brutal”, confessa, ainda que defenda que numa exploração familiar “todos fazem parte deste processo, porque tem de haver muita união”. Contudo, reconhece que a escolha do filho pela área da vitivinicultura e enologia “foi a cereja no topo do bolo”, até porque facilmente se constata que o futuro das Bágeiras terá continuidade nesta nova geração.
A Quinta das Bágeiras tem, neste momento, 28 hectares em produção e deverá crescer mais quatro hectares a breve trecho.
Presente no evento, José Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), mostrou-se muito agradado com a iniciativa que considerou “extraordinária”, não só por Mário Sérgio abrir a porta da sua casa a outros produtores do país, mas porque “é uma forma de promover uma categoria muito importante porque tem a ver com a genuninidade da produção em Portugal, de alguém que faz vinho na sua adega, com as uvas das suas propriedades”. Para o líder da CVB, não restam dúvidas que os “vignerons” arriscam mais que os outros: “não compra vinhos, nem uvas, e se o ano correr mal tudo se complica. Por outro lado, as pessoas que bebem os vinhos destes produtores, têm a garantia de que as uvas são provenientes daquele local” e os seus vinhos genuínos.

Participantes
António Selas, Casa de Cello, Casa da Passarella, José Madeira Afonso, Júlio Bastos, Quinta da Alameda, Quinta da Atela, Quinta das Bágeiras, Quinta da Boa Esperança, Quinta de Chocapalha, Quinta da Falorca, Quinta da Pedreira, Quinta do Perdigão, Rui Reguinga, Tapada de Coelheiros e Vale dos Ares.