Gabriela de Castro Almeida foi sempre uma menina tímida. Frequentava a Oficina de Música da EB 2/3 da Mealhada, mas pouco se ouvia da sua voz. Até que um dia, incentivada pelos pais e amigos, cantou “Foi Deus” perante a professora Maria Antónia Mota, e a surpresa foi total. “Ainda me lembro dela enviar uma mensagem na caderneta à minha mãe, dizendo o quanto estava surpreendida! Não sabia que eu tinha aquela voz, pois mal me ouvia a falar, quanto mais a cantar”, recorda ao JB.
No concerto de final de ano letivo, Gabriela acabaria por conquistar o papel de solista. “Procurei abstrair-me e concentrar-me apenas num ponto da sala, e no final todos me vieram dar os parabéns, foi uma experiência incrível.”
A partir daí, revela, “foi sempre a crescer”. Cantou vários estilos de música, mas o fado esteve sempre presente. “O fado é mesmo o que eu sinto. Como se diz, o fado não se explica, sente-se.”
Teve aulas de fado, em Coimbra, onde hoje, já com 20 anos, estuda Psicologia. Tem cantado em casas de fado e, no início de setembro, foi convidada para participar nas Festas da Sra. da Natividade, no Luso, freguesia de onde é natural. “Sou da Lameira e gosto de estar em tudo o que tem a ver com a minha terra. Por isso, quando me convidaram, não hesitei. O público reagiu muito bem, e no final várias pessoas, conhecidas e desconhecidas, vieram dar-me apoio. Deixa-me feliz o facto de o meu carinho no palco chegar às outras pessoas.”
Há outros convites para breve, e concertos já marcados para outubro e novembro.
Pelo meio, a música também ajudou Gabriela a vencer a batalha da anorexia. “Comecei na música, aos 11 anos, período que coincidiu com a fase da anorexia. A música ajudou-me a sair desse poço e continua a ter um papel muito importante. É um refúgio e as letras que escrevo agora acabam por transmitir também aquilo que eu passei de menos bom.”
Primeiro álbum vai surgir em 2025
Entre a música de divas como Amália Rodrigues – cujos fados gosta de “reinventar” ou a jovem irreverente Sara Correia, a quem confessa admirar – “é a minha inspiração” -, admite também que gostaria, um dia, de cantar com o guitarrista Ângelo Freire, “um dos melhores da atualidade”.
Para já, Gabriela vai escrevendo as letras das suas próprias canções, e já começou as gravações para um álbum, que será lançado em breve. “Acho que 2025 vai trazer coisas boas, penso que o trabalho que está a ser feito vai ficar incrível”, e pouco mais revela para já.
O primeiro CD está destinado à sua fã n.º 1, a avó Rosa, e o segundo aos pais, que a têm acompanhado em todo este percurso.
Futuramente, Gabriela de Castro Almeida vê-se a fazer carreira na música. “Se tiver essa oportunidade, gostaria muito.”