O município de Águeda vai atribuir o Chapéu de Ouro 2024 a Carlos Costa, uma das principais referências nacionais na investigação no setor do Turismo. Contactado pelo JB, o professor e investigador da Universidade de Aveiro não esconde a “satisfação” pela atribuição deste galardão que reconhece o seu trajeto profissional, académico e científico.
Com uma receita anual superior a 25 mil milhões de euros, neste momento, o Turismo é “um dos setores mais imprescindíveis para a economia portuguesa”. “Os números são esmagadores”, avança Carlos Costa. “Veja-se: a Autoeuropa, em Palmela, gera 3,6 mil milhões de euros por ano e todos reconhecemos a sua importância. Ora, o setor do Turismo vale mais do que sete Autoeuropas! É como se tivéssemos uma Autoeuropa em cada região, sendo que uma delas já ficaria com ‘uma AutoEuropa e meia’, tendo em conta as novas projeções que estimam que o Turismo terminará 2024 com receitas acima dos 27 mil milhões de euros”, explica o investigador.
Apesar de ser uma autêntica galinha dos ovos de ouro, “continua a faltar uma política para o setor”. “Olhamos para o Turismo como a água da chuva que vai caindo ao sabor do tempo. Temos de ser mais proativos”, sublinha Carlos Costa. Numa altura em que “o setor começa a entrar em conflito com outras atividades” e a “contribuir para pressionar a inflação, a falta de habitação e a qualidade de vida nos centros urbanos”, urge garantir uma “gestão e planeamento” mais eficaz. Uma das soluções pode passar pela criação de um ministério do Turismo. “Repare-se que a Agricultura tem um volume de receitas de 2,5 mil milhões de euros, enquanto o do Turismo já é superior a 25,5 mil milhões, dez vezes mais. A Agricultura tem um ministério e o Turismo não tem”, compara.
Mas há mais: “é urgente que a governança do Turismo aos níveis regional e local evolua”, alerta o professor universitário. “Não basta termos organizações que se preocupem exclusivamente com a atração de mais e mais pessoas. Temos de pensar como é que tornamos o setor economicamente rentável e como é que articulamos os territórios de forma a promover o desenvolvimento social”, considera Carlos Costa, realçando que “as câmaras municipais têm de ter um papel cada vez mais preponderante nesta área”.
Neste contexto, “Águeda é um bom exemplo dos municípios que, ao longo dos anos, têm vindo a trabalhar pelo lado da oferta”, afirma o investigador, elencando “os guarda-chuvas coloridos, o comboio histórico, a indústria das bicicletas, a natureza, mas também a gastronomia e os vinhos, sem esquecer eventos-âncora como o AgitÁgueda ou o Águeda é Natal” como marcos identitários do concelho. “Precisamos de municípios que olhem para o seu património coletivo e tenham a capacidade de se mobilizarem na captação de mercados de acordo com a sua identidade”.
O Chapéu de Ouro 2024 será entregue no dia 22 de novembro, no encerramento das Jornadas Internacionais de Turismo.