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Vagos

Colégio de Calvão presta homenagem ao padre João Mónica

O Colégio de Nossa Senhora da Apresentação, em Calvão, foi palco, no dia 15 de fevereiro, de uma homenagem ao padre João Mónica da Rocha. Várias dezenas de pessoas reuniram-se para recordar uma das figuras mais marcantes da história daquela instituição, numa celebração integrada nas comemorações dos 40 anos do colégio como escola com contrato de associação.

A cerimónia teve início no espaço exterior, junto ao busto do antigo diretor. Ali, um grupo de alunos declamou versos de Herberto Helder, Sophia de Mello Breyner, Luís Vaz de Camões, Bertolt Brecht, Miguel Torga, António Gedeão, José Régio, Fernando Pessoa, Manuel da Fonseca e Pedro Abrunhosa, poemas que refletiam os desígnios que sempre orientaram a ação do homenageado: “paixão, sonho, liberdade e luta”. Para Luís Oliveira, são precisamente esses valores que melhor definem a figura do padre João.

Ao Jornal da Bairrada, o diretor do colégio de Calvão recorda um homem de uma sensibilidade única, que se empenhava em tudo o que fazia, um sonhador inquieto, constantemente em busca de soluções, uma pessoa de mente aberta que, mesmo no contexto da Igreja, procurava compreender perspetivas externas. O atual responsável realçou ainda a dedicação do padre João Mónica àquela instituição, a permanente luta pela sua melhoria e a incansável defesa da ideia de que os pais devem poder escolher a escolha para os filhos. Para Luís Oliveira, o impacto do sacerdote vai muito além do seu tempo: “É um homem de tal maneira inspirador que, ainda hoje, nos permite ir buscar aspetos e características da sua pessoa para nos servir de exemplo para o trabalho que realizamos”.

Isabel Arribança, antiga professora de História e responsável pelo núcleo de “Memórias” enquanto docente da instituição, por seu turno, descreve o padre João Mónica como “uma figura paternal” e “sonhadora”, sempre disponível para aconselhar e motivar, e lembra o seu papel determinante na transformação do seminário num colégio aberto a toda a comunidade. Já António Veleirinho, antigo professor de Educação Física e coordenador desportivo, recorda o humor, entusiasmo e humildade do antigo diretor, bem como o seu impacto na formação desportiva do colégio. Destaca a criação de infraestruturas como as piscinas e o pavilhão, bem como o reconhecimento nacional e europeu alcançado através do Centro Nacional de Treino dedicado ao basquetebol feminino.

Naquele momento de evocação de memórias, ainda tomaram da palavra Manuel Benjamim, antigo professor de música e maestro da orquestra do colégio, referiu-se ao sacerdote como um “irmão mais velho”, Fernando Magalhães, presidente da APEC – Associação Portuguesa de Escolas Católicas –, que sublinhou que o legado do padre João Mónica persiste na gratidão de quantos com ele privaram, e Filipe Jorge, presidente da junta de freguesia de Calvão, que o considerou uma das figuras que mais elevou o nome da freguesia e lhe atribuindo, a título póstumo, uma medalha de mérito.

O programa de homenagem prosseguiu a celebração da eucaristia, presidida pelo bispo de Aveiro, a colocação de uma lápide na sepultura do padre João Mónica e um almoço-convívio com antigos alunos, professores e funcionários.

Um legado de educação e serviço

Nascido em Calvão em 1941, João Mónica Rocha foi ordenado sacerdote em 1965. Exerceu o seu ministério em Beduído, no concelho de Estarreja, no Seminário de Santa Joana, em Aveiro, e nas paróquias da Ponte de Vagos, Fonte de Angeão e Calvão. Foi, todavia, pelo impacto que teve na formação de milhares de jovens enquanto diretor do Seminário, mais tarde, Colégio Diocesano de Nossa Senhora da Apresentação de Calvão, que mais se destacou, tornando-se uma referência de humanismo, energia, integridade e espírito de serviço para várias gerações de estudantes. Faleceu a 2 de setembro de 2009.

Desde 12 de fevereiro, decorre uma petição para renomear o troço da EN 109 que atravessa Calvão como “Avenida Padre João Mónica da Rocha”, destacando o seu impacto na comunidade.

Afonso Ré Lau