O edifício da Cerâmica Rocha, recuperado há cerca de quatro anos pelo Município de Oliveira do Bairro, tem sido alvo de atos de vandalismo, nomeadamente nas zonas dos antigos fornos, peças de elevado valor histórico. Para além do vandalismo, foram furtados quadros elétricos e holofotes, que alimentavam a iluminação dos fornos, conferindo-lhe uma particular beleza à noite.
Contactado pelo JB, o Município liderado por Duarte Novo confirma que “tem havido atos que têm vandalizado os fornos da Cerâmica Rocha, situação que lamentamos e que colocam em causa um património que é de todos os oliveirenses e que tem uma forte ligação com o nosso passado, enquanto comunidade, do ponto de vista económico, social e cultural”.
O histórico edifício da Cerâmica Rocha, localizado junto à Estação de Caminhos de Ferro de Oliveira do Bairro, é um dos grandes exemplos da arquitetura industrial do início do séc. XX na região da Bairrada. Totalmente construído em tijolo maciço de barro vermelho, em 1902, manteve a sua atividade até ao início da década de 90, como fábrica de cerâmica e grés.




Ao abandono durante vários anos, as instalações foram adquiridas pela autarquia, em 2001. Mas só em meados de 2018, arrancou a empreitada de reabilitação do edifício, com o objetivo de preservar o que ainda restava da fábrica, principalmente os seus fornos e chaminés centenárias, de forma a serem admirados por todos e permitindo a sua valorização e utilização, ao serviço da cultura e da educação.
O investimento do Município de Oliveira do Bairro, de cerca de 700 mil euros, contou com uma comparticipação de 85% de fundos comunitários, no âmbito do quadro comunitário Portugal 2020.
A Câmara confirma ao JB que já avançou “com alguns procedimentos para recuperar tudo o que foi danificado e furtado, no sentido de voltar a dignificar um espaço que nos diz muito e que foi um investimento significativo, com verbas não só do Município, mas também de fundos comunitários”.
De forma a evitar que, no futuro, estas situações voltem a acontecer, o Município acrescenta estar já “a elaborar um projeto que pretende vedar e salvaguardar o acesso aos fornos, sem colocar em causa a perspetiva arquitetónica e a fruição do espaço”.