A tia-avó de Ferreira da Silva, Ercília Silva, disse, na última segunda-feira, perante o tribunal de júri, que o seu sobrinho “não foi culpado” do fatídico dia 5 de fevereiro de 2011, no Parque do Rio Novo na Mamarrosa, em que Claúdio Rio Mendes foi morto.
Ercília Silva explicou que se encontrava na visita de Cláudio Rio Mendes à sua filha, na manhã de sábado, no “Parque dos Patos” da Mamarrosa, “a pedido” de Ana Joaquina, ex-companheira de Cláudio Rio Mendes”, que naquele dia foi abatido a tiro por Ferreira da Silva.
Quando confrontada por José Ricardo Gonçalves, advogado dos assistentes, com as imagens do vídeo gravado por telemóvel, disse não se ter apercebido qualquer tipo de agressões da juíza ou do pai quando se envolveram na discussão com o falecido. “Estávamos a tentar acalmá-lo e à criança que chorava.” “Pode ser uma imagem parecida, mas não bateram no Cláudio”, esclareceu.
Agressão. Por outro lado, avisou o tribunal de júri, que o Cláudio “deu dois pontapés” que terão acertado no Ferreira da Silva. “ O dr. Cláudio estava a dar pontapés no Ferreira da Silva, sempre com a menina ao colo. O Cláudio estava a chamar-lhe nomes, e a dizer que o Ferreira da Silva era o culpado. Ainda tornou a dar-lhe pontapés, numa altura em que a menina estava apertada e a ficar roxa.”
“A Ana ainda lhe disse: Cláudio, acalme-se. Eles ajoelharam-se para acalmar a menina, e foi aí que o Milton avançou para retirar a Adriana”, esclareceu a testemunha.
Ainda sobre o dia da visita, Ercília Ferreira referiu que “dava dó ver a criança a chorar”, já que não se tratava de uma simples birra.
Contou ainda que no dia em que foi “esbofeteada pelo arguido e que caiu ao lado de um paralelo”, se apercebeu da vítima “meter a mão ao bolso e pensei ter visto um volume e depois ouvi tiros”. “Não vi mais nada, até pensei que tivesse sido o Cláudio a disparar”, sublinhou, afirmando desconhecer que Ferreira da Silva estivesse armado.
A testemunha afirmou ainda que, segundos depois, com o “Cláudio a andar”, é que viu que tinha sido o Ferreira da Silva a disparar. “Ele estava muito triste”, disse.
Carcereira. Ercília Silva confirmou também ao tribunal que era apelidada pela alcunha de “carcereira”, talvez motivada pelo facto do Cláudio não gostar da sua presença durante as visitas ou por ser ela a abrir e fechar os portões da casa, clarificando que “andava por perto, mas não o vigiava. Ele estava sempre à vontade com a filha”.
Deixou ainda bem claro, que nunca teve conhecimento que Ferreira da Silva, o seu sobrinho, fosse portador de qualquer tipo de armas. “Sei que foi caçador, mas armas nunca vi. Nunca se falou em armas, nada de nada.”