O Ministério Público pode requerer a alteração da medida de coação de pulseira eletrónica para prisão preventiva ao pai da juíza, da Mamarrosa, que matou a tiro o ex-genro, em 2011, enquanto segurava a neta ao colo.
O requerimento poderá ser apresentado pelo Ministério Público, tendo em conta que o arguido pediu autorização, há duas semanas, para se ausentar de casa, a fim de ir a uma consulta psiquiátrica, ao Porto, facto que a médica negou, na penúltima quarta-feira, em Tribunal.
Isabel Prada e Castro garantiu que Ferreira da Silva não foi à sua consulta. Apenas a contactou, há poucos dias, perguntando-lhe se estaria disponível para depor como sua testemunha de defesa.
O juiz presidente, Jorge Bispo, ao aperceber-se do desfasamento entre a argumentação usada pelo homicida para sair de casa e o que na realidade aconteceu, pediu a Ferreira da Silva para se levantar e questionou-o se este tinha consciência da gravidade e das consequências da situação.
Ferreira da Silva, algo nervoso, desmentiu a médica, que acabara de depor, garantindo que foi consultado. “Paguei a consulta. Mas há questões pessoais que ela não revelou”, afirmou Ferreira da Silva, argumentado que além da consulta ainda pediu à psiquiatra para que fosse sua testemunha.
O juiz, Jorge Bispo, indignado com a resposta, afirmou: “a testemunha não tem que ser contactada. Está aqui o tribunal para proceder às notificações”.
Esta já não é a primeira vez que Ferreira da Silva se ausenta para ser consultado. Na véspera do julgamento, o arguido também apresentou um requerimento para ir cortar o cabelo, mas a sua pretensão foi indeferida.
Na última sexta-feira, Celso Cruzeiro entregou uma comprovativo da ida de Ferreira da Silva à referida consulta.
Consulta solitária. Maria Isabel Santos Prada e Castro, médica psiquiatra, disse ainda ao tribunal que atendeu uma só vez Cláudio Rio Mendes, mas que perdeu a ficha clínica. “Na consulta que tive com o Cláudio, ele apresentava-se emocionalmente muito perturbado. Estava com sentimentos muito grandes de prejuízo. Sentia-se prejudicado. Um sentimento de injustiça que ele sentiria nos seus direitos”, explicou a médica.
No entanto, a médica, que atendeu Cláudio Rio Mendes, frisou que “não me pareceu que se sentisse doente. Ele estava num estado normal. Haveria um misto de um quadro depressivo e uma paranoia”.