Carlos Tribuna, residente em Bustos, poderá ter que pagar 2300 euros, acrescidos de custas, por ter prestado falsas declarações no Tribunal de Anadia, no decurso do depoimento que efetuou durante o julgamento de Ferreira da Silva [condenado a 20 anos de prisão por ter morto o ex-genro a tiro].
Carlos Tribunal, que foi arrolado por Ferreira da Silva, terá agora que decidir se pretende pagar a quantia proposta pelo Ministério Público, ou se vai a julgamento.
Declarações. Recorde-se que o Procurador da Republica pediu a extração de certidões do testemunho de Carlos Tribuna, depois de ter encontrado “muitas e significativas contradições entre as declarações prestadas na fase de inquérito na Polícia Judiciária e as declarações prestadas em sede de julgamento, designadamente no que toca ao choro da Adriana; ao alegado pontapé que a vítima desferiu ao arguido, à distância em que se encontrava do local onde aconteceu o crime e ao comentário que o arguido terá feito na parte final do crime”.
Ao longo do depoimento, Carlos Tribuna, residente em Bustos, oficial da marinha mercante, contou ao tribunal que naquele dia estava a fazer exercício físico quando parou no Parque do Rio Novo e esteve a conversar com o seu amigo Ferreira da Silva.
Disse ao tribunal que assistiu à chegada de Cláudio Rio Mendes e que, a determinada altura, durante a visita, o advogado do Porto “chegou perto da ponte, pegou na menina e colocou-a no corrimão da ponte. Nesse momento, a menina, talvez com medo, começou a chamar a atenção. O Cláudio apertava a menina que esperneava, gritava, chorava e chamava pela avó”.
Carlos Tribuna disse ter ficado perplexo com tudo o que se passou naquele dia, especificando que “a determinada altura o Cláudio, com a mão direita, teve um movimento com a mão ao bolso numa atitude de saque”. “No bolso, vi um objeto volumoso, estranho, que estava envolto de um pano branco”, acrescentou.
Instado a pronunciar-se se o volume era um saco com pão para dar aos patos que se encontravam no lago, Carlos Tribuna foi firme em afirmar que não. “O saco plástico ficou na ponte. Aquilo era um objeto branco, branco”, disse.
Contou ainda que foi ele próprio que chamou o INEM e que levou o arguido ao posto da GNR de Bustos e que, durante o percurso, o arguido telefonou ao irmão do Cláudio para comunicar-lhe o sucedido. “Vi as lágrimas a correr pela cara abaixo.”
Apesar do militar do posto GNR de Bustos, de Celso Rio Mendes (irmão da vítima), e do próprio arguido terem feito depoimentos coincidentes de que Ferreira da Silva telefonou do posto da GNR de Bustos a dar a notícia ao irmão da vítima, Carlos Tribuna garantiu ao tribunal que a chamada foi efetuada durante o percurso entre o Parque do Rio Novo e o posto da GNR de Bustos