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Bairrada // Oliveira do Bairro  

Testemunhas recuperam rapidamente memória com ameaça da juíza

Três testemunhas arroladas no caso do homem, residente no Cercal, que em 2009, levou alegadamente um pontapé nos testículos, desferido pelo sobrinho, alegaram, na penúltima quarta-feira, durante a segunda sessão, que já não se lembravam do acontecido.
Recorde-se que Flávio S., menor de idade na altura dos factos, está acusado da prática de um crime de ofensas à integridade física qualificada. Na primeira sessão do julgamento optou por não falar, remetendo-se ao mais profundo silêncio.
De acordo com a vítima, residente no Cercal, o arguido desferiu-lhe um pontapé na zona genital numa altura em que tinha sido operado e andava com uma sonda, o que lhe provocaria dois meses de baixa e a perda do emprego.
Daniel Filipe, amigo do arguido, começou por dizer que não viu nada e que não se lembrava, mas rapidamente começou a contar que “houve uma pequena confusão entre a vítima e o Flávio”. “O Flávio deu pontapés na zona genital”, disse a testemunha, depois de ter recuperado a memória.
Já uma outra testemunha, residente em Coimbra e que o Tribunal aproveitou para notificar no âmbito de um outro processo, disse ter passado por episódios mais traumatizantes, pelo que não se lembra de tudo.
No entanto, Filipa, desempregada, lá contou que viu o Flávio a bater no queixoso que “tinha sido operado a um testículo e que depois de ter levado um pontapé, acabaria por ir para o hospital”.
Enquanto isso, Luís Almeida, também residente em Coimbra e que o Tribunal também aproveitou a sua passagem por Oliveira do Bairro para o notificar no âmbito de outro processo, começou por dizer que “nunca assistiu a nenhuma agressão física” e que mais não sabia.
Instado pela Procuradora “se teve alguma doença para estar tão esquecido. A testemunha respondeu que não, afirmando não se lembrar de nada. “Ora conte lá o que aconteceu, ou sai daqui com um outro processo. Não esteja com meias palavras! Quer colecionar processos”, questionou a juíza.
O homem, perante tal ameaça, recuperaria de imediato a memória e contou que “o arguido deu um pontapé por baixo, na zona genital”. “A intenção era acertar no Gilberto, mas não era intenção acertar na zona genital”, acrescentou.
O julgamento prossegue na penúltima semana de fevereiro.