A Pateira de Fermentelos, a maior lagoa natural da Península Ibérica, foi classificada como Zona Húmida de Importância Internacional pelo Comissariado Internacional da Convenção de Ramsar. O Instituto da Conservação da Natureza e Florestas e Gil Nadais, presidente da Câmara de Águeda, promotora da candidatura, anunciaram, na sexta-feira, na Estalagem da Pateira de Fermentelos, a classificação.
A candidatura foi promovida pela Câmara de Águeda, no âmbito do programa que tem vindo a desenvolver de requalificação e recuperação da Pateira, em colaboração com os municípios de Aveiro e Oliveira do Bairro, que a Pateira também abrange.
A proposta foi submetida ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas que, após validar a candidatura, a submeteu ao Comissariado Internacional da Convenção de Ramsar.
Mais rigor. A classificação, segundo Gil Nadais, surge na sequência de uma forte aposta que a autarquia fez na Pateira de Fermentelos.
O autarca afirma que “esta atribuição vai fazer com que sejamos ainda mais rigorosos. Não é só mais dinheiro, é fazer as coisas com mais cuidado”. “Temos uma nova fase e um novo caminho que se está a abrir à Pateira que vamos aproveitar”, acrescentou Gil Nadais.
Para João Carlos, do Instituto de Conservação da Natureza, “a atribuição de zona húmida é muito importante, funcionando como um carimbo”, sublinhando que “não tem o peso de uma área protegida e classificada”.
A bióloga Célia Laranjeira, da Câmara de Águeda, refere que a “inclusão da Pateira como zona Ramsar vem comprovar a importância internacional da Pateira e da conservação do seu habitat e das espécies que ali ocorrem”.
Segundo Célia Laranjeira, “houve todo um trabalho preparatório de recolha de documentação e estudos que existem sobre a Pateira e a área envolvente, quer feitos pelo Instituto de Conservação devido à rede Natura 2000, quer de natureza académica feitos pelas Universidades de Aveiro e Coimbra, bem como levantamentos realizados pela própria Câmara”.
Ouro da terra. Miguel Salvador, administrador da Estalagem da Pateira, homem ligado à Pateira há sete décadas, sublinhou a importância que esta teve no desenvolvimento da região.
Recordou o moliço, que era apanhado no dia 25 de agosto de cada ano, pelas gentes da Bairrada. “O moliço foi a grande riqueza que chegou a ser denominado como o ouro da terra.”
De resto, Carlos Santos, vereador da Câmara Municipal de Aveiro, destacou o carinho e a dedicação que “Gil Nadais deu à Pateira e que mostra bem o resultado obtido”.
Pedro Fontes da Costa
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