Os ex-trabalhadores da Construtora da Bairrada manifestaram, na penúltima terça-feira, oposição à proposta de plano de insolvência que foi apreciada durante a assembleia de credores, que decorreu no Tribunal do Comércio de Aveiro.
O advogado José Amaro, que representa 15 ex-trabalhadores da Construtora da Bairrada, afirmou ter dúvidas quanto à viabilidade da empresa, argumentando que “as perspetivas de trabalho não são reais”.
O causídico criticou ainda a redução dos créditos para os trabalhadores para 70%, com perda total dos juros, enquanto no caso dos bancos está previsto o pagamento dos juros e, para o banco com crédito hipotecário, o plano prevê mesmo o pagamento integral das suas responsabilidades.
“É o que é possível. Foi pedido um esforço a todos os credores”, afirmou o gestor judicial, Fernando Silva e Sousa, que se referiu ao plano como “uma nova oportunidade” para a Construtora da Bairrada renascer.
O mesmo responsável explicou ainda que a empresa do ramo da construção civil e obras públicas, com sede em Perrães, Oliveira do Bairro, chegou à situação de insolvência devido a “opções estratégicas que foram tomadas”, nomeadamente a internacionalização para Marrocos.
“A empresa financiou-se em Portugal para uma operação em Marrocos que se revelou desastrosa”, afirmou, acrescentando que se não fosse este caso, a construtora teria um “passivo residual que não excedia os 4,5 milhões de euros”.
O juiz concedeu um prazo de dez dias aos credores que requereram a votação por escrito, entre os quais o BES, o maior credor da empresa.
O Banco Popular, que detém a hipoteca das instalações, votou a favor do plano, juntamente com vários trabalhadores e três fornecedores.
A proposta de plano de insolvência prevê o pagamento parcial dos direitos laborais, em 70% do capital, durante 72 prestações mensais, com período de carência de 36 meses.
Fundada em 1985, a Construtora da Bairrada foi declarada insolvente em maio de 2012, acumulando dívidas de cerca de 15 milhões de euros a vários credores, entre pessoal, fornecedores, instituições bancárias e Estado.
A empresa, que continua a executar algumas obras, chegou a dar trabalho a cerca de oito dezenas de pessoas, mas já dispensou a maior parte dos funcionários, mantendo nos seus quadros apenas 21 trabalhadores.
A Construtora da Bairrada comemorou 25 anos em 2010, registando, na altura, um crescimento de 200% da faturação, passando de seis milhões de euros em 2005, para 12 milhões de euros.